Luo Yu/Leibniz-HKI

A relação entre as bactérias, as amebas e as plantas é influenciada por um inteligente “radar” químico escondido.
Uma equipa de investigadores do Instituto Hans Knöll (Leibniz-HKI) investigou a interação entre a bactéria Pseudomonas syringae, um agente patogénico ubíquo e devastador para as plantas, e as amebas como a Polysphondylium pallidum, que se alimenta de bactérias e são suas “inimigas naturais”.
O estudo publicado este mês na Cell mostra a existência de um mecanismo de defesa até agora desconhecido da Pseudomonas syringae.
“Conseguimos mostrar como a bactéria utiliza um radar químico para reconhecer e eliminar as amebas hostis. Curiosamente, as próprias amebas desempenham um papel crucial na sua própria morte”, diz Shuaibing Zhang, primeiro autor do estudo, à SciTechDaily.
“A Pseudomonas syringae produz siringafactinas. Trata-se de compostos químicos inofensivos para a ameba, que permitem que a bactéria se mova mais rapidamente. Quando a ameba encontra esta molécula, o organismo modifica a estrutura química da siringafactina”, conta também o cientista Pierre Stallforth.
“A bactéria, por sua vez, possui uma proteína sensor especial — o Chemical Radar Regulator (CraR) – que reconhece estas moléculas modificadas. Isto permite que a bactéria detete a presença de amebas, sendo então ativados os genes responsáveis pela produção de substâncias tóxicas – as pirofactinas. As pirofactinas, por sua vez, matam as amebas e, curiosamente, são derivados das siringafactinas modificadas”, diz.
E a própria infeciosidade da bactéria também está ligada ao sistema de radar químico, uma vez que a P. syringae só pode infetar o agrião Arabidopsis thaliana na presença de amebas se a bactéria tiver um “radar químico” ativo.
O estudo é também um pontapé de saída para a descoberta de novas substâncias naturais bioativas.