“Desvalorizo a corrupção?”: um artigo de opinião de… António Costa

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Filipe Amorim / LUSA

Fernando Gomes, Ana Catarina Mendes, António Costa e Isaltino Morais

Primeiro-ministro assegura que não desvaloriza a corrupção e lembra, palavra a palavra, como foi a famosa conversa com os jornalistas.

Não é vulgar mas não é proibido: o primeiro-ministro publicou um artigo de opinião num jornal.

António Costa escreveu para o Observador, para esclarecer as críticas de que tem sido alvo sobre uma alegada desvalorização da corrupção.

Há uma semana, antes de um Conselho de Ministros informal em Sintra, Costa disse “deixemos a Justiça funcionar” e disse que há outras preocupações prioritárias em Portugal.

“Sem querer diminuir o que preocupa muitos comentadores, eu sinceramente o que sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes. Ando na rua e oiço o que as pessoas dizem e tem muito pouco a ver com esses assuntos”.

As perguntas eram à volta da demissão de Marco Capitão Ferreira, antigo secretário de Estado.

Neste artigo de opinião, António Costa deixa a transcrição – integral – da conversa que teve com os jornalistas nesse dia.

A primeira pergunta é sobre a demissão de Capitão Ferreira. Costa realmente começa por dizer: “Bom, deixemos a Justiça funcionar” e depois fala sobre o Conselho de Ministros.

A segunda pergunta é sobre um alegado desgaste do Governo após 13 saídas em pouco mais de um ano. O primeiro-ministro responde que se dedica pouco à análise política e foca-se em questões económicas do país.

À terceira tentativa dos jornalistas, pergunta-se se o Governo ia aproveitar o Conselho de Ministros para reflectir sobre a origem das demissões, sobretudo na TAP e na Defesa.

Resposta de Costa: “Nós vamo-nos concentrar seguramente hoje naquilo que importa à vida dos portugueses. E sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, eu sinceramente aquilo que eu sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes. Eu ando muito na rua, vou ouvindo o que as pessoas me dizem, e as pessoas dizem-me coisas que têm pouco a ver com esses assuntos” – e volta a assuntos sociais e económicos em Portugal.

Na quarta e última pergunta transcrita, sobre uma possível remodelação do Governo, António Costa voltou a focar-se nos assuntos do Conselho de Ministros.

Ou seja, sublinha o primeiro-ministro (e voltando ao artigo de opinião), nunca se falou sobre corrupção: “Ninguém falou de corrupção. Nem os jornalistas quando me questionaram, nem eu quando lhes respondi“.

Portanto, voltando à pergunta do artigo – “Desvalorizo a corrupção?” – a resposta de António Costa é directa: “Não! Não desvalorizo a corrupção“.

“Porquê então a pergunta (no título do artigo)? Porque ao longo da semana fui assistindo à construção de uma mentira a partir da deturpação de uma resposta a uma pergunta… que não me foi feita“.

Assim, Costa explica que não desvaloriza a corrupção, mas também não desvaloriza “a mentira”.

ZAP //

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6 Comments

  1. “Desvalorizo a corrupção?”, mas que ideia, até a valoriza bastante, é olhar para alguns membros do seu governo…
    Quanto à ideia de “à justiça o que é da justiça…”, também, para ele, é só quando dá jeito à narrativa. Basta lembrarmo-nos dos acontecimentos no ministério das infraestruturas e a pressa com que veio incriminar o Frederico Pinheiro dizendo que tinha havido um roubo… Como é, aqui já não se aplica!?…

  2. “Porque ao longo da semana fui assistindo à construção de uma mentira…”.
    Ora aqui está mais um assunto de que percebem bastante, ele e os seus ministros.
    Mentiras é com eles, basta estar atento e fazer um esforço por saber a verdade, para se perceber a quantidade de mentiras que tem dito, por ex., o ministro da educação, sobre a luta dos professores (na tentativa de denegrir a imagem dos próprios professores)…
    É revoltante, para quem está a par da verdade e sabe perfeitamente o que se passa nas Escolas, ter de ouvir tanta aldrabice da boca desse outro Costa…
    Porque aparece sempre a falar sem qualquer contraditório, sem que seja dada a palavra a quem sabe do assunto, os professores!?…
    Pena que os próprios jornalistas não se informem para o poderem questionar sobre algumas coisas que verdadeiramente importam, sem ser ouvir apenas a (falsa) versão desse sonso e ficarem perfeitamente convencidos do que ele diz!?…
    Porque não falam com professores para se informarem sobre a verdade?, será porque não podem(?) ou não se interessam, não querem mesmo saber?…

  3. A justiça está amordaçada. Ele sabe bem disso, daí estar bem com esse mote.
    O que aconteceu ao Socrates e Salgado por exemplo? Nem ainda a julgamento foram… é um país de faz de conta.

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