Autoridade de Antiguidades de Israel

A descoberta inclui estatuetas de argila, mini altares de incenso, seixos e fragmentos de chocalhos.
Numa descoberta revolucionária, os arqueólogos desenterraram um tesouro de artefactos que pensam terem sido usados para “rituais mágicos” ao longo de uma antiga rota de peregrinação muçulmana.
A rota, que outrora ligava o Cairo à cidade sagrada de Meca, revelou itens que oferecem uma visão sobre as práticas espirituais dos viajantes durante o Período Otomano inicial. Os detalhes da descoberta foram explicados num estudo publicado na Journal of Material Cultures in the Muslim World.
A descoberta foi feita em Eilat, uma região a sul de Israel, e engloba uma série de objectos feitos de argila. Notavelmente, há uma estatueta de argila de uma figura feminina, possivelmente representando uma deusa, com as mãos levantadas. Junto a isso estão mini altares de incenso, fragmentos de chocalhos, figuras de animais e uma coleção de seixos de quartzo colorido e conchas do mar.
De acordo com a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), a proximidade dos artefactos a um local de acampamento ao longo da rota de peregrinação indica o seu uso em “rituais mágicos“. Supõe-se que os viajantes procuraram a orientação de “feiticeiros populares” durante a sua jornada, um testemunho da combinação de crenças religiosas formais e superstições locais da época.
A peregrinação a Meca, conhecida como hajj, é uma obrigação religiosa significativa para os muçulmanos, exigindo que façam a jornada pelo menos uma vez na vida, se forem capazes, lembra o Live Science.
Apesar da importância deste ritual, a recente descoberta sugere que os peregrinos também procuravam uma proteção espiritual adicional. Acredita-se que estes artefactos possam ter sido utilizados em cerimónias para afastar influências malignas, como o “mau olhado“, ou para fins de cura.
Curiosamente, muitos dos artefactos foram encontrados partidos. A equipa de pesquisa especula que isso poderia ter sido intencional, com os objetos a ser propositadamente quebrados durante as cerimónias.
Este achado é particularmente significativo, pois representa a primeira vez que tal colecção diversificada de objetos foi identificada na região. Em reconhecimento da sua importância cultural e histórica, a IAA, em colaboração com o Ministério do Turismo de Israel, tem planos de transformar a área num ponto turístico.