Desde as estátuas da Ilha da Páscoa ou o mapa de Piri Reis, há vários documentos e monumentos cuja origem e significado continuam a intrigar os arqueólogos e historiadores.
Nestes tempos modernos, os documentos com informações sensíveis que podem causar problemas se caírem nas mãos erradas são protegidos com imensas encriptações informáticas. No passado, como é que se garantia que estes documentos ou símbolos não podiam simplesmente ser lidos por qualquer pessoa?
A verdade é que há vários documentos e objectos cujo significado e conteúdo está tão bem escondido que os seus segredos continuam a intrigar os arqueólogos até hoje.
Disco de Festo
Um dos mais fascinantes é o Disco de Festo, um dos mais misteriosos artefactos que a Civilização Minóica nos deixou. A descoberta foi feita pelo arqueólogo italiano Luigi Pernier em 1908 nas ruínas do palácio de Festo.
Datado de 1700 A.C., o disco inclui 242 símbolos carimbados em espiral, com alguns fáceis de interpretar — uma colmeia, um gato, uma cabeça com tatuagens ou uma seta. No entanto, muitos outros símbolos têm um significado desconhecido dado que nenhum outro artefacto foi encontrado com os mesmos desenhos.
O facto de os símbolos estarem carimbados sugere que a produção destes discos seria massificada, mas não há mais nenhum exemplar que confirme essa hipótese. Há até especialistas que acham que é uma falsificação, apesar de a maioria aceitar a sua veracidade, relata a National Geographic.
Manuscrito de Voynich
O manuscrito de Voynich é um dos documentos mais desafiantes para qualquer criptógrafo que tente decifrar o seu código. O livro ilustrado de 240 páginas está escrito numa língua desconhecida e conta ainda com várias imagens bizarras e aparentemente aleatórias, como símbolos astrológicos, plantas desconhecidas e figuras humanas estranhas.
Está dividido em seis secções, com base nas ilustrações — botânica, astronomia e astrologia, biologia, cosmologia, farmacêutica e uma outra com texto corrido e marcas decorativas. O seu nome deve-se a Wilfried Voynich, que o comprou em 1912,mas a sua origem é muito mais antiga, datando do reinado de Rodolfo II do Sacro Império Romano-Germânico (1576-1612), que o comprou por 600 ducados de ouro.
Estátuas da Ilha da Páscoa
As estátuas de madeira da Ilha da Páscoa são famosas a nível mundial, mas ninguém sabe o seu significado ou propósito. A resposta pode estar nas 20 tábuas de madeira encontradas no mesmo sítio — o problema é que ninguém consegue decifrar as suas escrituras rongorongo que incluem glifos de animais, plantas ou pessoas.
Não se sabe quando este sistema de escrita apareceu nem se surgiu antes ou depois dos europeus chegarem à ilha e terem contacto com o povo Rapanui. De qualquer das formas, a língua foi usada até à década de 1860.
Mapa de Piri Reis
O almirante e cartógrafo turco Piri Reis é o autor de um dos mais fascinantes mapas do mundo, datado de 1513. O documento, que foi elaborado tendo por base os relatos de Cristóvão Colombo e de navegadores portugueses, foi redescoberto no século XX e é notável por ser muito detalhado na representação da costa da América do Sul, que já estava na sua posição longitudinal certa em relação à África apenas 20 anos depois de os europeus lá chegarem.
Mas as surpresas não ficam por aqui. O mapa tem notas sobre a cordilheira dos Andes, que ainda não era conhecida na altura em que foi elaborado. O documento também mostra a Antártida com grande detalhe e sem gelo, quando este continente apenas foi descoberto em 1820 e está coberto de gelo há cerca de 6000 anos.
Ardósia de Jamestown
Escavações levadas a cabo em 2009 em Jamestown, onde os europeus criaram a primeira comunidade em território norte-americano, descobriram uma tábua de ardósia da era colonial coberta por camadas sobrepostas de inscrições, onde se distinguem vários desenhos e as frases “A minion of the finest sorte” (Um servo do melhor tipo) e “I am non of the finest sorte” (Eu não sou do melhor tipo).
O dono da ardósia ou o seu significado permanecem um mistério, mas a palmeira sugere que o autor dos desenhos teria viajado a sul de Jamestown e pode até ter sido o escritor inglês William Strachey, que sobreviveu a um naufrágio nas Bermudas e acabou por se tornar o primeiro secretário da colónia.