Uma equipa de arqueólogos polacos mergulhou num lago considerado sagrado no norte da Guatemala e recuperou centenas de artefactos da civilização maia, entre os quais estavam tigelas cerimoniais e uma lâmina de obsidiana que podem ter sido utilizados em antigos sacrifícios.
Os objetos encontrados estão agora a ser examinados por cientistas da Guatemala que querem aprender mais sobre a cultura material do povo maia ao longo do tempo e perceber de que forma é que os objetos se podem relacionar com as práticas religiosas desta civilização antiga, adianta o portal Live Science.
A líder da equipa, Magdalena Krzemień, arqueóloga da Universidade Jagiellonian, na Polónia, disse que os cientistas recuperam mais de 800 artefactos do lago Petén Itzá, que no passado cercou a antiga cidade maia de Nojpetén.
A ilha que abrigou a antiga cidade maia, ligada à costa através de uma ponte, é agora a moderna cidade de Flores, que se localizada a norte de Petén, na Guatemala – uma região sem litoral famosa pelas suas montanhas e selvas acidentadas.
Muitos dos artefactos encontrados no lago eram pequenos fragmentos de cerâmica, sendo alguns datados do período proto-clássico maia (150 a.C e 250 d.C), enquanto que a restante maioria dos objetos pertencia ao período pós-clássico maia (1000 d.C a 1697 d.C).
Tal como explicou Krzemień, os maiores objetos encontrados no lago incluem três tigelas de cerâmica, uma colocado dentro de uma outra, e uma lâmina de faca de obsidiana. Estes objetos são semelhantes aos utilizados em rituais antigos e, por isso, a arqueóloga acredita que podem ter sido utilizado em sacrifícios de animais.
Foram também encontrados pequenos osso de animais, que podem corroborar a teroria dos sacrifícios ou, tal como advertiu a cientista, pertencerem a animais que morreram posteriormente no lago.
A importância da água para o povo maia
Muito provavelmente, o lago que rodeava a antiga cidade de Nojpetén desempenhou um papel importante nos antigos rituais maias. “A água tinha um significado muito especial e simbólico nas antigas crenças maias”, notou Krzemień. “Acreditava-se ser o meio [ou] a porta para o mundo subterrâneo, [o] mundo da morte”, onde os deuses viviam”.
Como resultado destas crenças, os antigos maias sacrificaram animais e, por vezes, até humanos como uma espécie de oferenda aos seus deuses em lagos inundados de calcário, normalmente conhecidos como cenotes.
Krzemień disse que a mais recente expedição não estabeleceu que todo o lago Petén Itzá fosse um lugar sagrado, mas alguns dos objetos rituais encontrados mostram, pelo menos, que uma parte do lago era considerada “sagrada” pelas pessoas que lá viviam à época.
A antiga cidade de Nojpetén foi um centro da civilização maia na Mesoamérica pré-hispânica, civilização que se estendia pelo moderno sudeste do México, Guatemala, Belize e por alguma partes do território das Honduras e de El Salvador.
Entre os sítios arqueológicos maias mais famosos está a antiga cidade de Chichen Itza, na península de Yucatán, no México, que todos os anos recebe milhares de turistas.
ZAP // LiveScience