Arruadas do PSD e IL cruzam-se no Porto. “Vamos abrir aqui a malta para vocês passarem a meio”

Tiago Canhoto / Lusa

O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, durante a visita à empresa agrícola, Fruta Divina, Odemira

O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo

As tropas liberais e sociais-democratas tiveram um encontro imediato em Santa Catarina, rua incontornável nas arruadas partidárias no Porto.

Segundo o Expresso, ainda sem Rio na caravana, foi o vice do PSD a dar o abraço de boa sorte ao líder do IL, sinalizado como “coligação de afetos“. Pouco antes, Cotrim Figueiredo recebera o amplexo do amigo Rui Moreira.

No penúltimo dia de campanha eleitoral, João Cotrim Figueiredo dedicou-o por inteiro à cidade do Porto.

Após voltar a insistir na privatização da TAP esta manhã, o líder da Iniciativa Liberal calcorreou o coração da Invicta, na companhia alegre de mais de meia centena de apoiantes, quase todos com ar jovem.

A caravana azul-celeste partiu do Café Piolho, junto à Reitoria da Universidade do Porto e habitual ponto de encontro de estudantes, antes de se embrenhar na rua das Taipas, rumo à bela rua das Flores.

Entre palavras de ordem, a mais repetida e entoada em alto e bom som, foi “o voto útil é? Iniciativa Liberal”, a que se seguia a invariável interrogação: “O futuro é? – Liberal”, gritou-se em coro, alertando-se que o IL é o partido de “quem não quer deixar os filhos emigrarem” ou ver reduzida a carga fiscal.

É o caso de Samanta, venezuelana, militante liberal desde o verão, estudante de 20 anos, a estudar Ciência Política na Covilhã, e a residir em Portugal desde 2018.

“O único futuro para os jovens da minha geração é o IL, a minha única opção para não ter de voltar a emigrar”, sentencia sem hesitações.

Em frente à tradicional Brasileira, em Sá da Bandeira, dois trabalhadores da construção civil atiram “ide trabalhar!“, repto a que se faz ouvidos moucos, abafado por slogans vigorosos.

A tarde vai a meio quando João Cotrim Figueiredo, ladeado pelo ex-candidato presidencial Tiago Mayan e atual presidente da União de Freguesias da Foz, Nevogilde e Aldoar, se encontra com Rui Moreira, o presidente da Câmara do Porto reeleito nas últimas autárquicas com o apoio dos liberais.

Rui Moreira justifica o encontro para “dar um abraço ao amigo” João, sem se descoser em quem votou antecipadamente, domingo, no Palácio de Cristal.

Questionado se veio recompensar o apoio nas últimas autárquicas, Rui Moreira lembra que “quando se é grato e amigo não se espera compensações”.

Cotrim Figueiredo confirma a amizade e a admiração por um autarca com um projeto de cidade independente e “uma visão liberal perante a vida“.

A chegar à comercial Santa Catarina, a incontornável via de arruadas em tempos de corrida eleitoral, junta-se à comitiva Ricardo Valente, o vereador independente que volta a figurar a nº 3 na lista da IL pelo círculo do Porto.

Quando já se avistam ao fundo as hostes laranja de bandeiras em punho, Cotrim Figueiredo avisa que sem a “energia da IL” a empurrar os sociais-democratas para as reformas que o país precisa “e depressa”, o PSD não as conseguirá fazer sozinho.

“Não vão querer enfrentar interesses instalados dentro do próprio partido”, afiança o deputado, até agora único da Iniciativa Liberal.

Um reparo que não inibe o abraço apertado a Salvador Malheiro, quando as tropas laranjas e azuis se cruzam a meio de Santa Catarina.

Frente a frente, os apoiantes de um lado e outro não desmobilizam, até que o vice de Rui Rio e diretor de campanha dá a ordem salomónica à comitiva social-democrata: “Vamos abrir aqui a malta para vocês passarem a meio“.

Enquanto os apoiantes laranja ainda estão à espera que chegue Rui Rio, os liberais seguem o seu caminho no cruzamento da Capela das Almas, demarcando-se da arruada dos “parentes” e tudo indica futuros parceiros de governação, se o PSD vencer as legislativas de domingo. Pelo meio, ouvem-se desejos de boa sorte.

Salvador Malheiro ainda atirou um “vai chegar o momento“, ao que Cotrim respondeu “até ao lavar dos cestos”.

O presidente da IL sorriu, concedendo que “era um bom sinal” e para já “uma coligação de afetos”, além de um encontro politicamente importante “entre dois partidos que querem opor-se ao PS“.

“São dois opositores que podem construir uma alternativa ao Partido Socialista”, precisou, apesar de, no caso da IL, o ímpeto seja para andar depressa, ao contrário do PSD que prefere andar mais devagar.

No final da arruada, Cotrim Figueiredo prometeu que a IL irá criar na próxima legislatura um gabinete parlamentar na Assembleia da República, que terá uma delegação no Porto e funcionará em rotatividade nos distritos onde o partido conseguir eleger deputados.

“Queremos que fora de Lisboa haja contacto mais próximo e permanente do nosso trabalho parlamentar”, refere o deputado.

ZAP //

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