O padre Senabre, acusado de ter abusado de um menor de 13 anos, esteve desaparecido por mais de 25 anos. Foi agora encontrado no Equador e o seu caso está a ser investigado pelo Vaticano de novo.
Jordi Ignasi Senabre desapareceu em 1988, depois de ter sido acusado de ter abusado um menor de 13 anos. Três arcebispos de Barcelona (incluindo o atual, Juan José Omella) esconderam o paradeiro do padre espanhol.
Nunca mais se soube de Senabre, que tinha sido pároco de Polinyá, em Barcelona, até janeiro de 1994, quando foi detido no Uruguai por ter entrado com visto de turista. Espanha ainda pediu a sua extradição em 4 de março desse ano, mas foi negada em junho seguinte.
Segundo o El País, o padre voltou a desaparecer sem deixar ratos. Agora, o jornal espanhol revelou que Senabre se encontra na diocese de Santo Domingo de los Colorados, no Equador.
Na verdade, segundo apurou o matutino, o padre esteve sempre ali, tendo informado a sua diocese em 1990, após o envio de um pedido por carta, confirmou Galo Robalino, vigário-geral de Santo Domingo. Contactado pelo jornal, Senabre desligou ao saber que era um jornalista.
Já o vigário da diocese, contactado também por telefone, ficou admirado com a notícia e disponibilizou-se a ajudar o El País a reconstituir o encobrimento da arquidiocese de Barcelona.
“Esta notícia é uma surpresa, eu soube por si,”, disse Robalino. “Duvido que tenha sido denunciada a sua situação, não acho que o bispo de então, Don Emilio Stehle, tivesse permitido que Sanabre exercesse, mas vamos olhar para o arquivo deste padre para ver o que está lá.”
Desta forma, conta o DN, ao abrir a pasta de Senabre, o vigário-geral encontrou a tal carta do bispo de Barcelona, datada de 1990. “Confirmo que esta não diz nada, nada da queixa contra ele em Espanha, é apenas um pedido para que o acolhamos.”
Em 1991, a arquidiocese de Barcelona argumentou perante a Justiça que Senabre havia deixado o país “em missão”, sem esclarecer mais nada. Na prática, a arquidiocese enviou o padre para o Equador, depois das acusações.
Barcelona mudou de arcebispo em março de 1990, com a saída de Narcís Jubany e a chegada de Ricard Maria Carles. Segundo o jornal, pelo menos três bispos da cidade desde 1990, todos os cardeais – Carles, Lluis Martinez Sistach e o atual, Juan José Omella – tiveram conhecimento do paradeiro do padre. A arquidiocese recusou-se a responder.
Fontes do Vaticano contactadas pelo jornal confirmaram a abertura de um processo às denúncias a Senabre, como parte de um processo de investigação a vários casos antigos de abuso que não foram geridos correctamente. Em Barcelona, o caso pode já ter prescrito.
O El País revela ainda que a Igreja espanhola usou este esquema com outros sacerdotes acusados de abusos.
Assim, 18 religiosos foram enviados para a América Latina e África, em missão. Alguns deles tinham sido descobertos em Espanha, outros foram presos nos países para onde foram.