Após implosão do Titan, fundador da OceanGate quer criar colónia humana em Vénus

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Abandonado o fundo do mar, cofundador da responsável pela tragédia em volta do visitante do Titanic aponta para os céus: colónia de um milhar de seres humanos na atmosfera de Vénus é o objetivo para os próximos 25 anos.

Um dos fundadores da OceanGate, empresa responsável pela elaboração do Titan, cuja implosão na segunda metade de junho provocou a morte dos seus cinco tripulantes, reserva grandes aspirações para o futuro da exploração.

Guillermo Sohnlein quer abandonar o fundo do mar e, aparentemente, o céu (não) é o limite — até 2050, quer ver mil humanos a viver em Vénus.

Na sequência do trágico incidente com o submersível que visitava os destroços do Titanic, o argentino-americano tem sido alvo de maior escrutínio, mas mantém-se determinado em prosseguir a sua busca pela inovação tecnológica da humanidade.

Estabelecer uma colónia de um milhar de seres humanos na atmosfera de Vénus, nos próximos 25 anos, é a sua mais recente ambição — um plano que tem suscitado questões tanto dentro, como fora da indústria espacial.

“Acho que é menos ambicioso do que meter um milhão de pessoas na superfície de Marte até 2050”, defendeu-se o empresário, em entrevista ao Insider.

Podemos viver em Vénus?

Vénus, frequentemente encarado como o “gémeo da Terra”, tem um ambiente inóspito devido à sua temperatura extrema, pressão atmosférica e chuva de ácido sulfúrico, mas Söhnlein aponta para pesquisas que sugerem que uma determinada secção da atmosfera venusiana — a cerca de 50 km da superfície —, com temperaturas e níveis de pressão mais toleráveis, poderia eventualmente suportar a vida humana.

O empresário já imagina uma estação espacial no planeta vizinho, projetada para resistir às suas condições naturais e que permita que uma população prospere na sua atmosfera. No entanto, permanecem incertos os detalhes de como este grande empreendimento será alcançado.

OceanGate quebrou barreiras

O envolvimento de Söhnlein com empresas como a OceanGate e Humans2Venus — outra empresa que fundou com o empresário Khalid Al-Ali — é consequência do seu objetivo final de levar a humanidade para além das suas fronteiras naturais na Terra.

Tanto a visão da OceanGate de criar submersíveis tripulados, como o objetivo da Humans2Venus de superar barreiras comerciais para a colonização espacial, fazem parte de uma missão ambicionada pelo empresário desde tenra idade.

Söhnlein diz que ele e o CEO Stockton Rush (uma das vítimas mortais da implosão) “ambos vimos a exploração subaquática — e, especialmente, a utilização submersíveis tripulados — como a coisa mais próxima que poderíamos fazer para ir ao espaço e aprofundar essa visão sem realmente ir ao espaço”, afirmou.

No estender dos limites da humanidade para lá da Terra, a OceanGate tem o seu papel. A visão a longo prazo da empresa permitiu encontrar outras tecnologias pelo caminho que seriam úteis para determinados objetivos da exploração espacial. O mesmo aconteceu com a SpaceX, que na sua caminhada até Marte, onde tencionava colocar um milhão de pessoas, desenvolveu foguetes reutilizáveis e a Starlink.

A estratégia do cofundador da criadora do Titan, agora, passa por desenvolver tecnologias e conceitos de negócio criativos que possam reduzir os custos operacionais e financiar missões espaciais sem depender do apoio governamental.

“Porque não” Vénus?

Os especialistas têm opiniões contrastantes relativamente ao plano de colonização de Vénus de Söhnlein.

Andrew Coates, do Colégio Universitário de Londres acredita que, com a vontade política e financiamento adequados, é viável, mas questiona a sua necessidade, dadas as condições adversas e os desafios psicológicos de viver longos períodos de tempo num ambiente tão hostil. Levanta, ainda, preocupações sobre a possível contaminação de planetas como Vénus.

Enquanto alguns sugerem a Lua como uma alternativa mais próxima e adequada para a expansão, Söhnlein e a equipa da Humans2Venus defendem uma visão audaciosa, que encoraja uma mudança de perspetiva: em vez de perguntarmos “porquê Vénus?”, há que, diz a empresa, perguntar “porque não?”

Tomás Guimarães, ZAP //

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