O dirigente do Sindicado dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) Hélder Santinhos desvalorizou a baixa adesão à greve, que disse não ser contra a privatização, já que importa sobretudo ver a TAP “bem gerida”.
“Há muitos aviões fora da base e todos os regressos a Lisboa faziam parte dos serviços mínimos”, assinalou Hélder Santinhos em declarações à TVI, justificando assim os números da TAP, segundo a qual, dos voos previstos até às 17:00 de hoje, 69,75% realizaram-se.
De acordo com a porta-voz da TAP, “nos voos operados em equipamento TAP, 155 foram realizados e 31 cancelados, enquanto nos voos em equipamento Portugália se realizaram 11 e se cancelaram 41”.
Para Hélder Santinhos, a adesão à greve só não regista números mais elevados porque alguns pilotos “colocam interesses individuais à frente de interesses coletivos”.
No que se refere ao facto de o SPAC ter avançado que 90% dos pilotos ia aderir à paralisação e isso estar, aparentemente, a ser contrariado pelos números, Hélder Santinhos esclareceu que “cerca de 300 pilotos não são sindicalizados no SPAC”, o que justifica a diferença, pois entre os sindicalizados a taxa de adesão prevista “está a verificar-se”.
Afirmando que a greve em curso “não é contra a privatização”, Hélder Santinhos acrescentou que o que o SPAC deseja “é ver a TAP bem gerida”, seja pela via da gestão pública ou da privada.
Questionado sobre a hipótese de um reatar das negociações, o sindicalista afirmou que “o SPAC está aberto a negociar, mas as portas estão fechadas por parte do Governo”, que quer “entregar ao setor privado” uma empresa valorizada em 200 milhões de euros à custa dos trabalhadores.
Confrontado com o descontentamento dos passageiros nos aeroportos de Lisboa e do Porto, Hélder Santinhos afirmou que “os cidadãos portugueses e os turistas deviam pedir responsabilidades ao Governo pela falta de supervisão” da companhia aérea.
Quanto ao possível impacto negativo, sobre a TAP e os seus funcionários, de uma paralisação de dez dias, o sindicalista disse que “não é uma greve que destrói uma empresa” e informou que a direção do SPAC não equacionou a hipótese de demissão caso esta fracasse.
Ministro da Economia fecha a porta a negociações com piloto
O ministro da Economia, António Pires de Lima, disse esta sexta-feira que o Governo está fechado a negociações com os pilotos da TAP, após ter constatado que 70% dos voos foram hoje realizados, apesar de uma greve de 10 dias.
Pires de Lima, que se reuniu hoje ao fim da tarde com o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, e com o presidente da TAP, Fernando Pinto, afirmou aos jornalistas não haver “nada para negociar”, uma vez que “cada um fez aquilo que entendia fazer”, mesmo depois de, na noite de quinta-feira, o Governo “ter mostrado abertura e de ter ido ao encontro de algumas pretensões” dos pilotos.
O ministro não ficou surpreendido com a falta de adesão dos pilotos da TAP no primeiro dia de greve, referindo que os que foram trabalhar não fizeram nenhum favor ao Governo.
“Os pilotos que vieram trabalhar hoje não estão a fazer nenhum favor ao Governo, não significa que eles estão a favor da privatização. O que estão a fazer é reconhecer a importância da empresa para o país, para a sua economia”, afirmou António Pires de Lima.
O ministro admitiu também não ter ficado surpreendido com a não adesão em massa dos pilotos no primeiro dia de greve, adiantando esperar que o número de pilotos que vai trabalhar aumente nos próximos dias.
“Esta decisão é obviamente importante para os pilotos, mas também para os outros trabalhadores da TAP, que asseguram a regularidade da empresa. O que desejo é que continuem a trabalhar e, se possível, que aumente o número de pilotos e voos”, disse.
/Lusa
Alguns (30%) ainda se pavoneiam com o pompom no cimo do gorro que enfiaram