Apagão: Proteção Civil explica atraso nas SMS

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Uma jovem aguarda o restabelecimento da luz, devido ao apagão

Falta de energia também afetou as operadoras. Coordenação Operacional Nacional começou por receber informação contraditória.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) explicou nesta quarta-feira que a população só recebeu uma mensagem de telemóvel sobre o apagão ao final do dia porque a falta de energia também afetou as operadoras.

O presidente da ANEPC, José Manuel Moura, defendeu que a decisão de comunicar com a população “foi tomada em tempo útil”, mas as falhas de energia registadas na segunda-feira também afetaram as três operadoras de comunicações, que tiveram “um problema técnico e não conseguiram difundir a informação a tempo”.

José Manuel Moura recordou que pouco depois da interrupção da rede elétrica nacional, que ocorreu às 11:33 de segunda-feira em Portugal, foi ativado o Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), que reúne 30 entidades, para garantir a articulação entre os agentes de proteção civil, entidades com dever de cooperação e responsáveis pelas infraestruturas críticas.

Num primeiro momento, o foco esteve em garantir o funcionamento dos hospitais: “A partir das 14:35 o nosso empenhamento foi total com as situações críticas e a nossa prioridade absoluta foi garantir o abastecimento aos hospitais. Foi isso que nos preocupou”, explicou, recordando que foi preciso fazer um levantamento dos geradores existentes nos serviços e da necessidade de entregar combustível.

Só depois a ANEPC avançou com o plano de comunicação à população, que ficou comprometido pela falta de energia: “As três principais operadoras foram afetadas e não estavam em condições de responder em tempo útil”, disse.

José Manuel Moura revelou ainda que também o CCON começou por receber “informação contraditória” sobre o corte de energia e, por isso, as autoridades não perceberam logo com que evento estavam a lidar: Se seria um caso “de proteção civil, de proteção de socorro ou segurança interna”.

Para informar a população era preciso ter a informação correta, explicou, lembrando que, “volvidas 48 horas, ainda não se sabe a causa deste apagão”.

A mensagem a divulgar seria apenas “uma informação genérica para difundir por todo o território nacional”, o que acabou por ser solicitado às operadoras durante a tarde.

No entanto, a mensagem só chegou aos telemóveis muitas horas depois e a menos de 50% dos destinatários.

Para esta baixa taxa de envio contribuiu também o facto de, entretanto, “as pessoas começarem a ficar sem carga”, reconheceu, salientando que o CCON tinha conhecimento desde o final da manhã de que as operadoras também estavam com problemas.

Questionado sobre os motivos para primeira conferência de impressa da proteção civil ocorrer apenas 48 horas após o corte de energia, o presidente da ANPC acrescentou que num primeiro momento a prioridade foi responder às situações urgentes.

“Agora há o tempo para comunicar com os senhores jornalistas e comunicar com a população”, disse, recusando ter recebido instruções do Governo para deixar para o Executivo as comunicações à população: “Essa informação nunca chegou até nós”.

// Lusa

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