Aos 105 anos, o sobrevivente mais velho de Pearl Harbor vai ao ginásio

(dr) Misael Virgen / The San Diego Union-Tribune

Aos 103 anos, Raymundo Chávez mantém-se em forma no Ginásio

Aos 103 anos, Raymundo Chávez mantém-se em forma no Ginásio

Ray Chávez, o sobrevivente mais velho do ataque japonês a Pearl Harbor em 1941, diz não ter o segredo da juventude, mas acredita que uma vida saudável e os seus dois dias de ginásio por semana são responsáveis por chegar aos 105 anos com energia invejável e memória intacta.

O veterano de guerra Raymundo Chávez, filho de imigrantes mexicanos, comemorou no dia 10 de março um novo aniversário na sua casa na região de San Diego, no sul da Califórnia. “Sinto-me muito bem aos 105 anos“, afirmou Chávez, que, após servir na Marinha, trabalhou como paisagista até se aposentar.

Entre os presentes de aniversário que recebeu, está uma carta assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“A sua coragem intrépida, o seu amor ao país e o seu inquebrantável compromisso com a liberdade, fê-lo merecedor do eterno respeito e da gratidão do povo americano”, diz o documento da Casa Branca. Debaixo dessas linhas, o presidente escreveu do próprio punho as palavras “siga em frente“.

Mas esta não foi a única felicitação presidencial para o veterano da Segunda Guerra Mundial, pois, há alguns dias atrás, Chávez recebeu mensagens dos ex-mandatários George H.W. Bush, George W. Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter.

O ex-combatente hispânico diz que não votou em Trump, já que não concorda com as suas políticas, mas, mesmo assim, agradeceu o gesto. “Fico feliz que o presidente se lembre dos ‘velhinhos'”, brincou o veterano.

Chávez e a filha, a também veterana Kathleen Chávez, discordam em política. Ele é democrata e ela republicana, por isso, são como muitas famílias americanas, que preferem não falar de política em casa.

Ray Chávez nasceu em San Bernardino, na Califórnia, em 1912 e, posteriormente, mudou-se para San Diego, onde vive desde então. Aos 27 anos, alistou-se na Marinha e foi colocado no navio USS Condor, que se encontrava na base militar de Pearl Harbor, no Havaí, atacada pelos japoneses em 7 de dezembro de 1941.

Chávez, que não teme as longas viagens, esteve o ano passado em Honolulu para comemorar o 75º aniversário do ataque a Pearl Harbor, e assegura que pretende regressar em dezembro deste ano, para lembrar mais uma vez um facto histórico, do qual ainda se recorda com perfeição.

Há quatro anos, Chávez sofreu uma queda que lhe causou uma fratura no braço. De alguma forma, este acidente deixou-o marcado, por ser uma pessoa muito ativa, pois passou a utilizar uma cadeira de rodas.

Um dia, conta o The San Diego Union-Tribune, ele e a filha leram num jornal o caso de uma mulher de 101 anos que encontrou tratamento num ginásio próximo de casa, e Chávez decidiu tentar também.

No ginásio, situado na cidade de Poway, ao norte de San Diego, Chávez encontrou no exercício uma fonte de vida, tanto que deixou totalmente a cadeira de rodas e agora usa somente uma bengala.

“Os resultados de Raymundo foram espetaculares”, comenta o seu personal trainer, Sean Thompson. “No princípio, não acreditava (na sua idade), pedi que me mostrasse o seu cartão de cidadão. Ele faz exercícios de pessoas que tem em torno de 80 anos, é definitivamente jovem de coração”, acrescentou o treinador.

O veterano hispânico é praticamente uma celebridade no ginásio, onde vai todas as terças e sextas-feiras. À entrada do recinto, há uma fotografia de Ray com o seu personal trainer, tirada há alguns anos, quando ambos fizeram o lançamento da primeira bola num jogo da equipa de beisebol de San Diego.

Chávez combina a atividade física com uma vida saudável. Nunca bebeu álcool nem fumou e alimenta-se de maneira equilibrada.

“Eu acredito que o seu segredo é que ele trabalhou ao ar livre durante toda a vida. Nunca se sentou atrás de uma secretária e, quando tinha 90 anos, o seu médico disse-lhe que parecia que tinha 60“, realçou a sua filha.

Faltam cinco anos para que o sobrevivente do ataque histórico que levou os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial seja considerado um “supercentenário”, segundo a classificação da organização Gerontology Research Group (GRG).

Essa organização especializada considera a italiana Emma Morano-Martinuzzi como a pessoa mais velha do mundo, com 117 anos e 113 dias.

// EFE

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