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Antigos monstros marinhos encontrados em Angola contam história do Atlântico

5telios / Flickr

Crânio de um mosassauro

Nos primeiros tempos de vida do Oceano Atlântico Sul, eram os monstros marinhos que assumiam o comando. Alguns dos seus ossos apareceram ao longo da costa da África Ocidental e estão agora em exposição no Smithsonian Institution, em Washington, contando uma história sobre o nascimento sangrento do oceano.

Os fósseis de gigantescos répteis nadadores chamados de mosassauros foram encontrados nas falésias rochosas de Angola. Não é um país conhecido por fósseis. Aliás, poucos cientistas deram atenção, mas geologicamente, Angola é especial.

Há cerca de 200 milhões de anos, a África fazia parte do supercontinente Gondwana. Há 135 milhões de anos atrás, esse continente começou a “partir-se” ao meio e entre os remanescentes  estavam a África e a América do Sul, que lentamente se afastaram.

O Oceano Atlântico Sul preenchia a lacuna entre eles. Como conta o NPR, esta foi uma época de grande turbulência oceânica, na qual ocorreram grandes mudanças no nível médio da água do mar e na temperatura. Criava-se assim um novo habitat, e as criaturas do mar lutavam para possuí-lo.

Dessa luta, saíram vitoriosos os mosassauros que se mantiveram durante mais de 30 milhões de anos. O paleontólogo Louis Jacobs, da Universidade Metodista do Sul, em Dallas,refre que os fósseis encontrados no litoral do país contam a história dos primeiros dias do oceano e de algumas das primeiras criaturas que viveram lá.

O cientista, juntamente com os seus colegas, está a reconstruir uma esqueleto de um mosassauro. Michael Polcyn começou esta tarefa na sua sala de jantar, mas o esqueleto ficou tão grande que agora está pendurado no porão do departamento da universidade. A cauda e pescoço sinuosos, a caixa torácica e um braço de aparência fraca estão pendurados por hastes e fios.

Os mosassauros eram um monstro marinho que parecia ser metade lagarto e metade orca e eram tão grandes que chegavam a medir cerca de 15 metros de comprimento. Muito provavelmente, dizem os cientistas, estes animais tinham escamas e uma poderosa barbatana caudal semelhante à de um tubarão.

Jacobs adianta que os mosassauros, estas criaturas de um passado longínquo, movimentavam-se como os lagartos. “Os seus corpos flexionavam-se de um lado para o outro.” Polcyn acrescentou que estes animais eram verdadeiros nadadores e predadores de perseguição.

Mas no Atlântico antigo, os mosassauros não estavam sozinhos: havia também tartarugas, tubarões e outros grandes répteis na época. Ainda assim, os mosassauros eram o equivalente marinho dos tiranossauros em terra.

Para Polcyn, Angola foi um verdadeiro jackpot de mosassauros. “A primeira vez que pisamos este país, foi incrível”, diz ele. “Não podíamos dar um passo sem encontrar um novo fóssil. O solo estava repleto deles.”

Os investigadores encontraram seis espécies no país africano. Jacobs diz que esta descoberta adianta mais do que a simples (mas enorme) dimensão destes animais: esta descoberta conta a história de como um novo oceano surgiu e que tipo de condições foram criadas para que isso acontecesse.

Conta como o novo Oceano Atlântico se elevou e aqueceu; como os ventos agitaram as águas profundas cheias de nutrientes, como é que os nutrientes atraíram peixes e grandes tartarugas e como é que esses animais, por sua vez, atraíram grandes tubarões e, finalmente, uma explosão de répteis gigantes.

Esta era uma história que poderia ter continuado se um asteróide não tivesse atingido a Terra e acabado com os répteis gigantes e com os dinossauros, dando lugar a mamíferos peludos como nós.

ZAP //

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