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Descoberto antídoto contra agentes nervosos tipo Sarin e Novichok

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Liam Krauss / LLNL

Uma equipa do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), nos Estados Unidos, desenvolveu um antídoto que neutraliza a exposição ao envenenamento por agente nervoso.

O estudo, que foi publicado na revista Scientific Reports, foi o resultado de um processo criado em colaboração entre a Diretoria de Segurança Global do LLNL e o Instituto de Pesquisa Médica de Defesa Química do Exército dos EUA (USAMRICD).

Os agentes nervosos de armas químicas como Sarin ou Novichok normalmente funcionam através do bloqueio da transmissão de mensagens do sistema nervoso central (SNC), composto do cérebro e da medula espinhal, para o sistema nervoso periférico (SNP), que controla muitos processos fulcrais, como é o caso da respiração, clarifica o estudo.

A proteção natural do cérebro – a barreira hematoencefálica (BBB) ​​- tem sido um grande obstáculo para o desenvolvimento de antídotos de agentes nervosos eficazes, que historicamente só protegem contra danos ao SNP, pois não podem cruzar a BBB.

Após os compostos mais promissores serem identificados, através do uso de um método que envolveu modelagem computacional e química medicinal, os melhores candidatos foram avaliados em vários ensaios bioquímicos, resultando na descoberta do LLNL-02.

Descobriu-se que o LLNL-02 protege o SNC e o SNP contra os efeitos do agente nervoso Sarin. O LLNL-02 é o primeiro antídoto desse tipo, pois atravessa o BBB para conferir proteção ao cérebro, escreve o SciTechDaily.

“O processo foi extremamente desafiante. A maioria dos compostos sintetizados, após avaliação bioquímica, foram encontrados para cruzar os modelos BBB, mas não eram eficazes, ou vice-versa” referiu Carlos Valdez, líder do projeto.

Depois de dois anos de testes laboratoriais e computacionais, o LLNL-02 demonstrou ser atóxico para linhagens de células humanas em ensaios bioquímicos conduzidos no USAMRICD. A próxima etapa foi avaliar o LLNL-02 num modelo animal – e funcionou.

A pesquisa continua a incidir sobre a eficácia do LLNL-02 contra VX e agentes mais recentes como os Novichoks, usados ​​nas tentativas de assassinato de Sergei Skripal, em 2018, no Reino Unido, e de Alexei Navalny, em 2020.

“Estas pessoas tiveram a sorte de serem levadas rapidamente para o hospital, e mantidas vivas até que os seus corpos pudessem lidar adequadamente com o agente”, referiu Valdez.

“Os resultados mostram que a coleção única de instalações e talentos científicos do LLNL está a ultrapassar os limites do que seria possível”, destaca Audrey Williams, diretor do Centro de Ciência Forense do LLNL.

O especialista frisa que o “LLNL-02 é um composto promissor e versátil construído por um processo único que demonstra um caminho a seguir para proteger as vítimas de bioterrorismo e armas químicas”.

ZAP //

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