Novo antibiótico encontrado nas bactérias da batata pode salvar vidas

Wikimedia

Desde a descoberta da penicilina por Alexander Fleming em 1928, as bactérias têm desenvolvido novas estratégias para resistir ao efeito dos antibióticos.

Se esta tendência continuar, estima-se que todos os antibióticos atualmente conhecidos se tornem ineficazes dentro de décadas. De acordo com um relatório da Review On Antimicrobial Resistance, o problema pode causar uma queda da população mundial de quase meio bilião de pessoas, até 2050.

Uma equipa internacional de investigadores descobriu agora um novo antibiótico num tipo de bactérias que infeta batatas, avança a Science Focus.

Chamado solanimicina, o antibiótico é eficaz contra uma vasta gama de fungos que matam culturas, explicam os investigadores. Em testes de laboratório, foi também eficaz contra Candida albicans — um fungo natural que pode causar infeções graves.

“É um antifúngico que acreditamos que irá funcionar e matar os concorrentes fúngicos. As bactérias vão beneficiar bastante”, salientou Rita Monson, microbiologista da Universidade de Cambridge e membro da equipa de investigação. “Mas não se liga a menos que se esteja numa batata”, acrescenta.

A maioria dos antibióticos terapêuticos atualmente utilizados são produzidos a partir de micróbios do solo, mas a descoberta da solanimicina realça o potencial dos microrganismos à base de plantas, para produzir medicamentos.

Os investigadores descobriram ainda que a bactéria patogénica da batata Dickeya solani, produz pequenas quantidades de solanimicina quando colocada num ambiente ácido, tal como o que se costuma verificar nas plantações de batata.

De acordo com os resultados do estudo, publicado a 10 de outubro nos ASM Journals, os investigadores começaram agora a trabalhar com químicos para analisar melhor a estrutura molecular da solanimicina e compreender o seu funcionamento.

“Os nossos passos futuros estão centrados em tentar utilizar este antibiótico antifúngico para a proteção das plantas”, referiu Miguel Matilla microbiologista molecular da Estación Experimental del Zaidín, do Conselho Espanhol de Investigação, em Granada.

“Temos de nos abrir à exploração de tudo o que há por aí para encontrar novos antibióticos”, concluiu o investigador espanhol.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.