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Andar de bicicleta causa impotência – e mais 4 mitos sobre o ciclismo

Zane Selvans / Flickr

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As bicicletas têm-se multiplicado pelo mundo – e com elas, as lendas sobre os seus benefícios e as suas desvantagens.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de pessoas que vai trabalhar de bicicleta cresceu 60% na última década, segundo dados de recenseamento de junho.

Na América Latina, cidades como São Paulo, a Cidade do México e Bogotá começaram a implantar sistemas de bicicletas públicas e ciclovias, numa tendência que se repete por todo o continente.

Em Portugal, a maior parte das principais cidades já implementou uma rede de ciclovias. A cidade de Braga, uma das mais planas do país, criou uma rede com cerca de 76 quilómetros de extensão.

Mas tão depressa quanto as bicicletas, também os mitos e lendas sobre as suas vantagens ou inconvenientes se espalham.

Quais são verdade, quais são exagero?

Andar de bicicleta emagrece?

Andar de bicicleta é uma actividade aeróbica, o tipo de exercício adequado a quem quer emagrecer.

A questão é que a perda de peso depende de quantas calorias são perdidas e quantas são consumidas.

Um estudo divulgado pela British Medical Journal revelou que os homens e mulheres que chegam ao trabalho de maneira activa (de bicicleta, a correr ou a andar pé) têm um índice de massa corporal e uma percentagem de gordura corporal significativamente menor do que os que usam outra forma de transporte.

Uma pessoa que pese 58kg, por exemplo, pode queimar entre 170 e 250 calorias, se estiver a pedalar a um ritmo relaxado.

Esse número pode chegar a mais de 400 calorias, se a velocidade for moderada, ou superior a 700 calorias, se o ritmo for maior.

Ou seja, andar de bicicleta pode ajudar a perder peso, mas depende da velocidade e da dieta feita para complementar o desgaste físico.

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Andar de bicicleta prejudica o sexo?

Fertilidade, impotência, dormência… Um dos maiores mitos em relação à bicicleta está nos efeitos na vida sexual dos ciclistas, tanto de mulheres como de homens.

No caso das mulheres, há dois anos foi publicado um estudo que questionava se a posição na bicicleta poderia causar o adormecimento e a perda de sensibilidade na área genital.

O estudo, da Escola de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, abordou a altura do guiador em relação ao assento.

Se a altura fosse menor, produzia uma pressão maior sobre o períneo e uma sensação menor na bacia pélvica, entre o ânus e a vagina.

Mas os investigadores explicam que essa condição poderia ser alterada com uma mudança na posição do guiador, e que este tinha sido um estudo pequeno, com um grupo reduzido de mulheres.

Em relação aos homens, há diversos estudos que mostram que o ciclismo pode causar distúrbios genitais e disfunção eréctil.

Mas as últimas pesquisas, em que foram analisados mais de 5 mil ciclistas, não encontraram ligação entre o tempo gasto na bicicleta e a infertilidade.

Sylvain Thomin / FLickr

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Ajuda a reduzir os níveis de poluição?

É evidente que o aumento do uso da bicicleta como meio de transporte reduz o uso de veículos nas cidades.

No entanto, essa estatística não favorece directamente os ciclistas, que podem inalar de 2 a 5 vezes mais partículas poluentes do que os que viajam de carro.

Estudos do investigador Luc Int Panis, do Instituto Flamengo de Pesquisas Tecnológicas, e do professor Jonathan Grigg, da Escola de Medicina de Londres, apontam que a causa é a respiração rápida e profunda de quem anda de bicicleta.

Isso faz com que o ciclista respire mais partículas ultra-finas que estão no ar, que chegam a ser de centenas de milhares por centímetro cúbico nas horas de maior tráfego.

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Andar de bicicleta é mau para os joelhos?

Depende da posição. Especialistas recomendam que as pessoas estudem o tamanho adequado e a sua postura correcta sobre a bicicleta.

A acção repetitiva de pedalar pode causar grande desconforto se o movimento não for fluido, o que se consegue ajustando o banco a uma altura adequada.

É também aconselhável começar sempre a pedalar a um ritmo moderado e aumentar a intensidade gradualmente.

Andar de bicicleta é um exercício de baixo impacto e, por isso, é frequentemente recomendado no tratamento de reabilitação de pessoas que sofreram lesões.

Mas os especialistas em medicina desportiva recomendam misturar o uso da bicicleta com outros tipos de desporto de maior impacto, como a corrida.

O objetivo é desenvolver músculos diferentes e evitar problemas em outras partes do corpo, como as articulações e  os ossos.

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Com capacete ou sem capacete?

O ciclista britânico Chris Boardman, medalhado nos Jogos Olímpicos, divulgou a sua lista de prioridades para ciclistas – na qual não incluiu o uso de capacete.

“O problema do capacete é que desencoraja as pessoas. O ciclista está tão seguro numa bicicleta como a pé“, diz Boardman.

“Estatisticamente, é mais seguro estar numa bicicleta do que estar numa banheira”, acrescenta o ciclista

“Não há nada de errado com os capacetes, mas se apenas 0,5% das pessoas o usam na Holanda, que é um dos países mais segurosd Mundo, deve ser por alguma razão”, explica Boardman à BBC.

Esta opinião gerou uma série de críticas e Boardman – que faz parte de uma campanha do governo britânico para estimular o uso da bicicleta – defendeu a sua posição, destacando mais os benefícios alcançados pelo exercício do que os riscos de não se usar o capacete.

No entanto, o Instituto de Seguros dos Estados Unidos para Segurança nas Estradas informou que a maioria das 722 mortes registadas entre ciclistas em 2012 foi de pessoas que não usavam capacetes.

Segundo o instituto, os capacetes também reduziram os riscos de lesões no cérebro em 85%.

ZAP / BBC

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