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Este ancestral evoluiu para lidar com uma alteração climática (mas não resistiu)

(dr) Jesse Martin e David Strait

O crânio do Paranthropus robustus identificado como DNH 155

A descoberta de um crânio com dois milhões de anos numa caverna sul-africana está a mudar o que os cientistas pensavam saber sobre um dos ancestrais primitivos da Humanidade.

O Paranthropus robustus, assim batizado por causa da sua aparência robusta, surgiu há cerca de dois milhões de anos, na África do Sul. Mas, pelos vistos, nem todos os indivíduos deste nosso ancestral eram igualmente robustos.

De acordo com o site Science Alert, uma equipa de cientistas chegou a esta conclusão depois de ter analisado o espécime DNH 155, descoberto, em 2018, no sistema de cavernas Drimolen, a noroeste de Joanesburgo.

Este espécime, macho, é significativamente mais pequeno do que outros P. robustus do mesmo género, que foram recuperados de um local próximo chamado Swartkrans. Na verdade, a estatura do DNH 155 assemelha-se mais à de um espécime feminino, conhecido como DNH 7, também encontrado em Drimolen.

“Drimolen antecede Swartkrans em cerca de 200 mil anos, portanto, acreditamos que o P. robustus evoluiu ao longo do tempo, com o primeiro local a representar uma população inicial e o segundo uma posterior, uma população mais derivada anatomicamente”, explica Jesse Martin, candidato ao doutoramento em Paleociência da Universidade La Trobe, na Austrália, e co-autor deste estudo.

No artigo publicado, a 9 de novembro, na revista científica Nature Ecology & Evolution, Martin e a restante equipa afirmam que o DNH 155 e o DNH 7 fornecem um vislumbre de um estado primitivo deste ancestral antes das mudanças microevolucionárias, ao longo dos 200 milénios seguintes, que encorajaram as adaptações vistas nos espécimes de Swartkrans.

Segundo os investigadores, um dos principais fatores que poderia ter ocasionado tal evento foi uma alteração climática que afetou a paisagem sul-africana, há cerca de dois milhões de anos, na qual o ambiente se tornou mais aberto, seco e frio.

Essas mudanças teriam deixado a sua marca em muitas coisas, nomeadamente nos tipos de alimentos disponíveis, que obrigavam a uma mordida e a uma mastigação mais resistente – e que não teriam sido tão fáceis para o DNH 155 e o DNH 7.

No entanto, apesar das adaptações que mudaram lentamente o corpo do P. robustus, isso não foi suficiente. A espécie acabou por ser extinta e, mais ou menos na mesma altura, surgia o nosso ancestral direto, o Homo erectus.

“O P. robustus tinha dentes grandes e um cérebro pequeno, enquanto o H. erectus tinha um cérebro grande e dentes pequenos”, afirma Angeline Leece, arqueóloga da mesma universidade australiana e a outra co-autora do estudo.

Segundo a BBC, os cientistas consideram que o ambiente mais húmido causado pela mudança climática também pode ter reduzido a quantidade de alimento disponível. Por isso, o Homo erectus, com os seus dentes mais pequenos, tinha mais facilidade em comer tanto plantas como carne.

“Embora sejamos a linhagem que venceu no final, há dois milhões de anos, o registo fóssil sugere que o Paranthropus robustus era muito mais comum do que o Homo erectus”, conclui Leece.

ZAP //

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