Análise de ADN revela que as vítimas de Pompeia não eram quem pensávamos

Luigi Spina / Parco Archeologia / EPA

Uma nova pesquisa desafia presunções sobre o género e o parentesco dos habitantes de Pompeia cujos corpos ficaram preservados.

Uma análise recente do ADN dos antigos residentes de Pompeia revelou novas e surpreendentes descobertas, derrubando suposições de longa data sobre as identidades e relações de alguns dos habitantes da cidade desolada pela erupção vulcânica do Vesúvio.

O estudo, publicado na Current Biology, analisou o ADN de 14 indivíduos preservados em moldes de gesso formados a partir de cinzas após a erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C., encapsulando-os no momento da morte.

Estes novos dados genéticos revelam histórias complexas sobre estes povos antigos que diferem significativamente das interpretações anteriores baseadas em preconceitos modernos.

A preservação das vítimas de Pompeia permitiu aos cientistas extrair ADN de fragmentos de esqueleto e analisar a ascendência, o sexo e as relações familiares. Entre as conclusões do estudo, os investigadores destacaram o modo como os pressupostos ligados ao género e aos papéis familiares conduziram a interpretações erradas.

Por exemplo, um par que tradicionalmente se acreditava ser uma mãe e uma criança, devido à sua postura e à presença de uma pulseira dourada, revelou-se ser um homem adulto e uma criança não aparentados. Esta descoberta foi feita na chamada “Casa da Pulseira Dourada”, onde se presumia que dois adultos e duas crianças representavam uma família nuclear. Em vez disso, a análise genética revelou que os quatro indivíduos eram homens não aparentados.

Estas revelações sublinham os limites da interpretação das sociedades antigas através de normas sociais modernas. David Caramelli, um dos autores do estudo, observou que a descoberta de pormenores tão surpreendentes não é invulgar, embora tenha admitido que descobrir que a “família não era uma família” foi inesperado, escreve o IFLScience.

Noutro caso, um par de indivíduos encontrados abraçados na “Casa dos Criptopórticos” foi inicialmente considerado como sendo irmãs; a análise do ADN, no entanto, identificou pelo menos um deles como sendo do sexo masculino. Estas descobertas desafiam as associações entre jóias e feminilidade e refutam as suposições de que a proximidade física indica sempre laços biológicos.

Para além de reformular os pontos de vista sobre os papéis da família e do género, a análise genética também realça a natureza cosmopolita de Pompeia. Muitos dos indivíduos analisados descendem de imigrantes do Mediterrâneo oriental, reforçando a reputação de Roma como um centro de ligações globais.

Os investigadores estão agora a expandir o seu estudo de modo a incluir o ADN de mais 168 indivíduos, o que, esperam, proporcionará uma compreensão mais ampla e detalhada da população de Pompeia.

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