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Uma equipa internacional de astrónomos liderada por cientistas neerlandeses demonstrou que uma anã branca e uma anã vermelha, que se orbitam uma à outra de duas em duas horas, emitem pulsos de rádio.
Graças a observações efetuadas com vários telescópios, os investigadores puderam, pela primeira vez, determinar com certeza a origem destes sinais. Os seus resultados foram publicados na revista Nature Astronomy.
Nos últimos anos, graças a melhores técnicas de análise, os investigadores detetaram pulsos de rádio que duram entre segundos e minutos e que parecem ser originários de estrelas da Via Láctea. Existem muitas hipóteses acerca do que desencadeia estes pulsos, mas até agora não havia evidências concretas. Um estudo internacional liderado por Iris de Ruiter, dos Países Baixos, vem alterar esta situação.
De Ruiter, que recebeu o seu doutoramento da Universidade de Amesterdão em outubro de 2024, é agora investigadora pós-doutorada na Universidade de Sydney (Austrália). Durante o último ano do seu doutoramento, desenvolveu um método para procurar pulsos de rádio de segundos a minutos no arquivo LOFAR. Enquanto aperfeiçoava o método, descobriu um único pulso nas observações de 2015. Quando, posteriormente, analisou mais dados de arquivo da mesma zona do céu, descobriu mais seis pulsos. Todos os pulsos provêm de uma fonte chamada ILTJ1101.
Anã vermelha e anã branca
Observações posteriores com o MMT (Multiple Mirror Telescope) de 6,5 m, no estado norte-americano do Arizona, e com o Telescópio Hobby-Eberly, no Texas, mostraram que não é uma estrela que pisca, mas duas estrelas que, em conjunto, são a causa do pulso. As duas estrelas, uma anã vermelha e uma anã branca, orbitam um centro de gravidade comum a cada 125 minutos. Estão localizadas a cerca de 1600 anos-luz de distância na direção da constelação da Ursa Maior.
Os astrónomos pensam que a emissão de rádio é provocada pela interação da anã vermelha com o campo magnético da anã branca.
No futuro, os astrónomos planeiam estudar em detalhe a emissão ultravioleta de ILTJ1101. Isto ajudará a determinar a temperatura da anã branca e a aprender mais sobre a história das anãs brancas e vermelhas.
“Foi especialmente interessante acrescentar novas peças ao puzzle”, diz Iris de Ruiter. “Trabalhámos com especialistas de todos os tipos de disciplinas astronómicas. Com diferentes técnicas e observações, aproximámo-nos um pouco mais da solução, passo a passo”.
Monopólio desfeito
Graças a esta descoberta, os astrónomos sabem agora que as estrelas de neutrões não têm o monopólio dos pulsos brilhantes de rádio. Nos últimos anos, cerca de dez sistemas emissores de rádio, deste tipo, foram descobertos por outros grupos de investigação. No entanto, estes grupos ainda não conseguiram provar se estes pulsos provêm de uma anã branca ou de uma estrela de neutrões.
Os investigadores estão agora a pesquisar todos os dados do LOFAR para encontrar mais pulsos de longo período. O coautor Kaustubh Rajwade (Universidade de Oxford, Reino Unido), acrescentou: “Provavelmente há muitos mais destes tipos de pulsos de rádio escondidos no arquivo LOFAR e cada descoberta ensina-nos algo novo”.
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