Uma nova pesquisa revela que o lado oculto da Lua também foi vulcanicamente ativo e que é pobre em potássio, elementos de terras raras e fósforo, ao contrário do lado visível.
Uma nova análise de amostras de lava do lado oculto da Lua revelou que vulcões estavam em erupção nessa região há cerca de 2,8 mil milhões de anos.
As amostras foram mrecolhidas pela missão Chang’e 6 da China, a primeira a trazer material do lado mais inexplorado do nosso satélite natural.
A Lua está gravitacionalmente bloqueada com a Terra, o que significa que o mesmo lado está sempre voltado para o nosso planeta. Enquanto o lado visível tem sido mais explorado, o lado oculto recebeu apenas duas sondas até hoje, ambas chinesas. A missão Chang’e 6, em 2024, trouxe 1,9 quilos de rocha do lado oculto, especificamente da bacia do Polo Sul-Aitken.
O estudo, publicado na revista Science a 15 de novembro, analisou isotopos e a composição química das amostras para determinar sua idade e origem. Os resultados mostram que as rochas basálticas — lava endurecida — têm 2,8 mil milhões de anos.
Análises anteriores apontavam para vulcanismo no lado visível da Lua até há pelo menos 2 mil milhões de anos. As novas descobertas confirmam que o lado oculto também foi vulcanicamente ativo. Estudos recentes de amostras do Chang’e 5 sugerem que atividades vulcânicas na Lua podem ter ocorrido até há 120 milhões de anos, refere o Live Science.
Os investigadores descobriram ainda que o basalto recolhido pela Chang’e 6 originou-se numa área do manto lunar pobre em potássio, elementos de terras raras e fósforo, em contraste com o lado visível, onde esses elementos são abundantes.
Esta diferença pode ser explicada pelo impacto que criou a bacia do Polo Sul-Aitken. Segundo os cientistas, o impacto pode ter redistribuído materiais ricos nesses elementos e derretido o manto lunar abaixo da cratera, resultando na sua escassez.
A ausência de elementos radioativos, como potássio e urânio, que geram calor ao decair, também pode justificar a falta de fluxos de lava extensos no lado oculto. No lado visível, fluxos de lava chamados basaltos de maré cobrem 30% da superfície, enquanto no lado oculto cobrem apenas 2%.
Estas descobertas oferecem uma nova perspetiva sobre a história vulcânica da Lua e sobre as diferenças entre os seus dois lados, destacando o impacto de eventos cósmicos na evolução do nosso satélite.