Muitas redes sociais e zero amizades reais: “É uma dieta de comida de plástico”

Autor de livro sobre relacionamentos destaca o problema que traz o paradoxo da liberdade.

Plays Well with Others. O livro sobre relações, uma descoberta do mundo dos relacionamentos escrita por Eric Barker, e que originou uma conversa no Next Big Idea.

As idades marcaram o início da emissão. Ouve-se dizer que “as amizades morrem na década dos 30 anos” de cada pessoa: juntamos toda a gente no casamento, depois nunca mais vemos os amigos, pessoalmente. Há filhos, há empregos, há novas rotinas. E os amigos são ignorados.

Mas não deviam: “Este é o paradoxo da liberdade: nem sempre fazemos o que é melhor para nós. E nem sempre fazemos o que nos deixa mais felizes. Fazemos o que é fácil, não necessariamente o que é ideal. E, sim, os amigos são deixados de lado”.

“A ironia é que a fragilidade da amizade é uma prova da sua pureza. A razão pela qual os amigos nos fazem mais felizes do que qualquer outro relação é que é uma relação voluntária. Não há contrato e não há punição imediata e concreta por não cumprir. Essa é a razão pela qual os amigos nos tornam mais felizes do que qualquer outra coisa – porque é sempre voluntário”, lembrou o escritor.

Eric continuou a defender as amizades: “Se eles não te fizessem feliz, não estarias lá. Se não gostasses deles, não passarias tempo com eles”, deixando depois uma sugestão.

“Queres manter as tuas amizades fortes? Conversa com os teus amigos a cada duas semanas“, sugeriu, seguindo um estudo da Universidade de Notre Dame.

Essa pesquisa – que envolveu dois milhões de telefonemas – demonstrou que as amizades que perduravam mais tempo eram aquelas que contavam com um contacto entre os amigos duas vezes por mês.

Sobre a televisão e as redes sociais, Eric não quer ser o profeta do fim do mundo. Não defende que essas tecnologias são horríveis, mas avisa: “Se substituirmos completamente as amizades reais pelas redes sociais, é como viver com uma dieta de comida de plástico”.

Muitos psicólogos aconselham a escuta activa. Ou seja, em conversa entre amigos (ou casais, ou familiares), mostrar que estamos a ouvir a outra pessoa, até repetir o que a pessoa diz.

Na teoria, isso funciona. Mas na prática… “A maioria das pessoas, em situações em que as emoções estão em alta, não consegue ser tão calma, deliberada e não reactiva. Portanto, é uma óptima ideia, mas não é algo que a maioria das pessoas consiga concretizar realisticamente, durante as discussões”.

O que traz a sensação de significado à vida, de a nossa vida fazer sentido, é pertencer: “Sentir que estás num grupo onde estás conectado, onde és apoiado. E a sensação de pertença está, infelizmente, em falta no mundo moderno”.

Para contrariar essa tendência, Eric Barker sugere aprofundamento das amizades, dedicar mais tempo aos amigos.

ZAP //

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