A Amazon está a ser acusada de ajudar a espalhar o ódio ao vender material extremista e manifestos de assassinos em massa, o que pode “tornar os futuros ataques mais prováveis”.
De acordo com uma investigação do Sunday Times, citada pelo Week na segunda-feira, a Amazon está a lucrar com a venda de material extremista escrito pelo terrorista norueguês Anders Breivik e pelo supremacista americano Dylann Roof.
Em julho de 2011, Anders Breivik realizou dois ataques a escritórios do governo em Oslo, Noruega, e num acampamento de verão para membros de um movimento socialista jovem. Um total de 77 pessoas foram mortas, muitas delas crianças.
No dia do ataque, o terrorista publicou um manifesto de 1500 páginas, intitulado “2083: A European Declaration of Independence” (“2083: Uma Declaração Europeia de Independência”, em tradução livre) que está disponível para compra na Amazon, em inglês e em francês.
Brenton Tarrant, o homem acusado de realizar ataques a duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, na sexta-feira, que resultaram na morte de pelo menos 50 pessoas, alegou ter sido inspirado por Anders Breivik.
Um manifesto de ódio escrito por Dylann Roof, que matou nove fiéis negros na Carolina do Sul, Estados Unidos, em 2015, também está à venda na Amazon.
Brendan Cox, co-fundador da Survivors Against Terror e marido da deputada trabalhista Jo Cox, assassinada em junho de 2016, disse ao Sunday Times que o material deve ser retirado imediatamente.
“Os retalhistas ‘online’ – assim como as empresas de media social – precisam parar de jogar nas mãos de terroristas, ao dar-lhes a notoriedade que desejam e, até mesmo, a vender os seus chamados manifestos”, indicou. “Muitas empresas estão, ativamente, a tornar os futuros ataques mais prováveis”.
Damian Collins, presidente do comité de seleção digital, cultura, media e desporto do Reino Unido, concordou. “É irresponsável dar plataformas às pessoas que cometeram atrocidades terroristas”, frisou. “A venda dos manifestos está a ajudar a espalhar a sua mensagem de ódio”.
Os seus comentários surgem depois que o político britânico Sajid Javid alertou que as empresas ‘online’ que permitem a distribuição de conteúdo proibido devem estar preparadas para enfrentar a força total da lei.
Num artigo publicado no Daily Express, o secretário do Interior pediu que as pessoas parassem de assistir e compartilhar a transmissão ao vivo do atirador que realizou os ataques na Nova Zelândia.
“Permitir que os terroristas glorifiquem o derramamento de sangue ou espalhem visões mais extremistas só pode levar a mais radicalização e assassinatos”, afirmou Sajid Javid.
É complicado.. porque a censura e a ocultação de informação (seja porque motivo for) também não é uma coisa boa.. não abre isso um precedente mais problemático do que aquilo que se tenta evitar? Basicamente estou a ler que eu sou um ser potencialmente perigoso e sem capacidade de raciocínio.. portanto.. alguém tem de pensar e decidir por mim sobre aquilo que posso ou não saber.. (eu sei que já é a nossa realidade.. mas também estar a dizê-lo assim ..)
Análogamente : Deve-se proibir a venda de facas de cozinha (ou isqueiros) porque alguns as usam para crimes.. ou.. porque “potencialmente” essas(es) (as facas / isqueiros) podem transformar qualquer um em um “ser perigoso”?
Há obras literárias de “boa fama” bem mais negras e bem mais cheias de sangue, capazes de envergonhar o mais bem intencionado dos mercenários.. e essas continuam à venda. Lá está… alguém tem de pensar por nós.. já que “nós” não temos capacidade para tal..
Concordo consigo. Além disso teriam de proibir também livros como o “Mein Kampf”, da autoria de um dos maiores assassinos da História.
Censurar livros não tem lugar num estado democrático.
O fundamental é dar o maior espaço a educação e a formação pessoal de todos/as. Proibir é que não, concordo. No mínimo para estarmos sempre bem cientes e atentos ao que semelhantes indivíduos defendem e escrevem…