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Alunos mais pobres entram em politécnicos e cursos com notas mais baixas

A entrada no Ensino Superior revela desigualdades sociais em Portugal. De acordo com um novo estudo da Fundação Belmiro de Azevedo Edulog, os alunos mais pobres tendem a ingressar em politécnicos e cursos com notas mais baixas, enquanto que os mais ricos acabam por entrar em cursos de maior prestígio.

A conclusão é do estudo “A Equidade no Acesso ao Ensino Superior” do think thank da Fundação Belmiro de Azevedo, divulgado esta quarta-feira pelo Jornal de Notícias e pelo Público. Segundo a investigação, a expansão do ensino universitário não conseguiu diminuir as diferenças de acesso entre estudantes com níveis socioeconómicos distintos.

O estudo do Edulog evidencia que os alunos das classes mais favorecidas frequentam cursos como Medicina, Direito e Engenharia – que, por norma, exigem notas mais elevadas –, enquanto os mais pobres inscrevem-se sobretudo nos institutos politécnicos.

Os cursos de maior prestígio costumam ter notas de ingresso mais elevadas, que constituem uma “barreira no acesso”, explica o coordenador do conselho científico do Edulog, Alberto Amaral, que faz também parte do organismo público que que regula os cursos superiores, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).

“Quem não tem possibilidade de ir para um colégio privado ou ter explicações, não consegue bater essa dificuldade [e atingir a médias exigidas]. É a isso que estamos a assistir neste momento”, considerou, recordando que os fenómenos como o da inflação de notas internas no ensino secundário que acontecem particularmente em escolas privadas.

Esta escolha está também, segundo o mesmo documento, relacionada com as habilitações literárias dos pais dos estudantes. Por exemplo, mais de 70% dos estudantes de Medicina são filhos de pais que concluíram o Ensino Superior. Em sentido oposto, no curso de Enfermagem, a maioria dos pais desses alunos tem o secundário ou menos.

A análise revelou ainda que nas universidades há 28,1% de bolseiros enquanto nos politécnicos existem 37,4%. “Dito de um modo um pouco brutal, as classes mais baixas só podem tirar vantagem da expansão [do sistema de ensino] quando as necessidades das classes mais altas estiverem satisfeitas”, afirma Alberto Amaral, coordenador científico do Edulog, em declarações ao jornal Público.

ZAP //

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