Alunos cansados e que adormecem nas aulas por ficarem, até de madrugada, nas redes sociais e a jogar computador, levaram um agrupamento de escolas a lançar uma campanha para sensibilizar os pais a mudar os maus hábitos dos filhos.
“Temos muitos miúdos que chegam à escola cansados, com sono, desmotivados e sem ânimo. Até temos casos em que adormecem na sala de aula. Uma das principais razões prende-se com o facto de não dormirem o suficiente, porque estão muitas horas nos jogos de computador e nas redes sociais”, alertou Filinto Lima, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia.
Preocupada, a direção escolar começou a distribuir panfletos informativos pelos centros de saúde, espaços comerciais, cafés, associação de pais e de alunos.
O folheto da escola enumera vários problemas detetados na sala de aula: “Os professores veem diariamente alunos cansados, desatentos, alunos desmotivados, sem ânimo, alunos que não conseguem ouvir porque estão demasiados excitados e eufóricos e alunos que não conseguem reter conhecimentos”.
Filinto Lima, que é também vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), explicou que o objetivo da iniciativa é “alertar os pais, porque este é um problema que tem reflexos nas notas”.
Com a data dos exames a aproximar-se, os pais começam a preocupar-se com os resultados escolares dos filhos. Enquanto uns apostam em explicações, outros reforçam as horas de estudo em casa, mas os professores garantem que existem pequenas medidas que podem fazer a diferença.
Além das horas de sono, os professores recordam os encarregados de educação para a importância de reduzir o consumo de refrigerantes ricos em cafeína e de alimentos gordos.
A escola sugere aos pais que tentem garantir que os alunos descansam o tempo suficiente e que o tempo dedicado aos jogos eletrónicos e redes sociais é controlado.
Promover hábitos de estudo com qualidade, ter momentos de calma e convívio familiar, incentivar as crianças a fazer atividades diferenciadas que promovam o convívio e a promoção da leitura são algumas das propostas que se podem ler no panfleto, que alerta para o facto de os alunos não conseguirem “concentrar nas tarefas escolares e no estudo porque a fadiga os vence”.
“Queremos que o sucesso dos alunos aumente e por isso lançámos uma campanha de sensibilização, junto dos adultos”, concluiu.
Problema alastra-se por todo o país
Filinto Lima ressalvou que este fenómeno não é exclusivo do seu agrupamento: “É um problema sentido em quase todas as escolas do país”.
Os encarregados de educação reconhecem que os jovens têm uma propensão para as novas tecnologias e acreditam que haja muitas crianças a chegar às aulas com poucas horas de sono.
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascensão, disse não ter “informações concretas sobre esta matéria”. Lembrando, no entanto, que “os jovens e crianças têm muita vontade de estar no computador, até porque existe aquela questão de os jogos e redes sociais, como o Facebook, serem muito viciantes”.
Jorge Ascensão admite que existam famílias que não controlam estas situações, “algumas por negligência mas a maioria será por condicionantes da vida e do trabalho que dificultam este acompanhamento”.
/Lusa