Aliens podem não ser verdes. Cientista portuguesa revela a sua cor provável

Cientistas do Instituto Carl Sagan, da Universidade de Cornell, estão a desafiar a visão tradicional de que a vida extraterrestre pode ser verde, sugerindo, em vez disso, que os extraterrestres podem ser púrpura.

Tradicionalmente, a procura de vida extraterrestre tem sido frequentemente influenciada pelas nossas experiências e observações na Terra. A NASA, em 2013, já tinha sugerido a expansão da busca para incluir um espetro mais amplo de possibilidades.

Os investigadores de Cornell voltaram a sua atenção para as bactérias púrpura, um tipo de microrganismo que utiliza a radiação infravermelha e não depende do oxigénio para a fotossíntese. Esses organismos são notavelmente diferentes das plantas verdes que dominam as paisagens da Terra.

Lígia Fonseca Coelho, aluna portuguesa de pós-doutoramento em Cornell, destacou a adaptabilidade das bactérias púrpura, que se desenvolvem em condições adversas, incluindo temperaturas extremamente quentes e ambientes ricos em enxofre.

A importância das bactérias púrpura reside na sua linhagem antiga e na sua ampla adaptabilidade, o que pode indicar o seu potencial domínio em planetas diferentes do nosso.

Lisa Kaltenegger, diretora do Instituto Carl Sagan, explica que os astrónomos utilizam tradicionalmente telescópios para observar planetas distantes, analisando a luz que estes planetas refletem para compreender a sua composição e, potencialmente, para detetar sinais de vida.

A hipótese de a própria Terra primitiva poder ter sido púrpura sugere que os planetas que orbitam estrelas mais fracas, com diferentes composições atmosféricas, podem também albergar formas de vida púrpura, explica o Interesting Engineering.

Esta teoria encoraja os cientistas a recalibrarem os seus instrumentos para detetarem outras cores para além do verde, alargando a busca para incluir uma maior variedade de condições de suporte de vida.

Curiosamente, as bactérias púrpura não são estritamente púrpura, mas apresentam um espetro de cores que inclui o amarelo, o laranja, o castanho e o vermelho. Estas cores resultam de pigmentos semelhantes aos que se encontram nos vegetais do dia a dia, como o tomate e a cenoura.

O desafio tecnológico continua a ser significativo, uma vez que o nosso equipamento atual ainda não está totalmente equipado para detetar estas nuances subtis em planetas distantes. No entanto, ajustando as ferramentas para captar uma gama mais vasta de cores, os cientistas poderão em breve ser capazes de detetar planetas “púrpura”.

A equipa de Cornell está a trabalhar ativamente na catalogação das cores e das assinaturas químicas que vários organismos e minerais podem apresentar em exoplanetas. Este trabalho poderá revolucionar a nossa compreensão do que procurar no cosmos.

Kaltenegger afirmou que em muitos ambientes diferentes do Universo, “o roxo pode ser o novo verde”. O estudo foi recentemente publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters.

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