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Alemanha não tem feito o suficiente para atingir metas do Acordo de Paris, diz Merkel

Clemens Bilan / EPA

Chanceler alemã não está satisfeita com os esforços feitos pelo seu país ao longo das últimas décadas, defendendo que é preciso “acelerar o ritmo” para cumprir os objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris.

Na tradicional conferência de imprensa que realiza anualmente antes das férias de verão, Angela Merkel abriu o jogo sobre o seu mandato de 16 anos que termina no próximo mês de setembro, enaltecendo as conquistas e reconhecendo as derrotas. Um ponto onde a chanceler foi particularmente honesta diz respeito aos esforços implementados pela Alemanha no campo das alterações climáticas.

Sobre esta questão, Merkel afirmou que a Alemanha “tem feito muito” para equilibrar a sua economia num contexto de crise climática, citando políticas como o aumento de quotas das energias renováveis de 10% para 40%, a redução de 20% das emissões de carbono entre 1990 e 2010 — uma percentagem que aumentou 20% nos 10 anos que se seguiram.

Mesmo assim, a chanceler, que foi ministra do Ambiente entre 1994 e 1998, durante o governo de Helmut Kohl, não está satisfeita, por entender que os progressos feitos não são suficientes quando o que está em causa são objetivos determinados pelo Acordo de Paris — no documento está prevista a redução do aquecimento global para valores muito inferiores a 2 graus centígrados, preferencialmente par 1.5º, equivalente aos valores pré-industriais.

Para Angela Merkel esta não é uma falha exclusiva da Alemanha, mas de todo o mundo. “Estou equipada com sentido científico suficiente para ver que as circunstâncias  objetivas exigem que não continuemos ao ritmo atual, pelo que temos que acelerar“, disse. Admitindo que o seu país não vai alterar o rumo das alterações climáticas sozinho, Merkel defendeu que as posições da Alemanha podem estabelecer “um exemplo a seguir“.

A chanceler alemã também defendeu a decisão tomada em 2011 pelo seu governo de eliminar progressivamente a energia nuclear até 2022. A medida foi alvo de críticas, com alguns analistas a defender que a Alemanha ficará mais dependente da energia proveniente do carvão. “Na Alemanha, o destino [da energia nuclear] está decidido. Não vejo nenhum governo no futuro a mudar nada neste campo”, disse Merkel.

As alterações climáticas e a preservação do ambiente moldaram toda a carreira política de Merkel, admitiu a própria, e naquele que pode ser lembrado como o seu último grande ato, a chanceler tem precisamente em mãos a reconstrução das zonas mais afetadas pelas cheias que varreram a Alemanha há duas semanas — um trabalho que a governante estima que se prolongue até ao último dia da sua presidência, refere o The Guardian.

Para esta tarefa, o gabinete de Merkel anunciou um fundo de emergência de 200 milhões de euros, destinados sobretudo às pessoas mais atingidas, sendo esperado que os governos dos estados contribuam com verbas semelhantes. Para o terreno foram destacados mais de 4500 membros das forças de segurança, bombeiros e soldados.

Nas declarações aos jornalistas, Merkel fez ainda referência à evolução da covid-19 na Alemanha, mostrando preocupação pela “dinâmica preocupante“.

ARM, ZAP //

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