Alemanha “não opera como a locomotiva da Europa, mas sim como um travão”, diz primeiro-ministro italiano

Presidenza della Repubblica / Wikimedia

Giuseppe Conte, primeiro-ministro de Itália

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, criticou a forma como alguns países da União Europeia (UE), como a Alemanha e a Holanda, estão a reagir à necessidade de resposta comunitária à crise criada pela pandemia de Covid-19.

Em entrevista ao Suddeutsche Zeitung, citada pela Rádio Renascença, Conte defendeu a emissão de títulos de dívida comum, os “coronabonds”, como a melhor solução para a retoma da economia na UE e como apoio para os países mais necessitados. A Alemanha recusa esta medida.

“A Alemanha tem uma balanço comercial superior ao exigido pelas regras da UE e com este excedente não opera como a locomotiva da Europa, mas sim como um travão da Europa. A UE precisa de utilizar todo o seu poder de fogo, especificamente através da emissão de títulos de dívida comum”, indicou.

Relativamente ao apoio de 500 milhões de euros, aprovado pelo Eurogrupo, canalizado através do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Conte apontou os “sacríficios inaceitáveis que foram pedidos aos gregos, na última crise financeira, para obterem créditos”.

A posição da Holanda, que “com o seu ‘dumpling’ fiscal atrai milhares de multinacionais, que para lá transferem as próprias sedes, e obtém fluxo massivo de receitas tributárias, roubadas a outros parceiros da União”, foi também apontada por Conte, que frisou que o país beneficia dos parceiros comunitários, mas retrai-se quando têm que retribuir.

“É indiscutível: deixaram a Itália sozinha. A desconfiança dos italianos da UE nasce no facto de nos termos sentido abandonados por países que tiram grandes vantagens de estar na União”, apontou ainda.

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, reconheceu que “muitos não agiram a tempo quando Itália mais precisou, no início”. Um gesto apreciado pelo chefe de Governo italiano que espera a Europa acabe por “dar uma resposta”. “Estamos a viver o maior choque desde a II Guerra Mundial”, disse.

A Itália é dos países mais afetados pela Covid-19, registando o maior número de óbitos até à data: 23.660 mortos. É também o terceiro com mais casos (178.972).

ZAP //

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