A Alemanha que era comunista agora é a Alemanha da extrema-direita

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Ronald Wittek/EPA

Alice Weidel (AfD) na noite das eleições federais 2025

Já sabemos que a AfD teve um resultado inédito. Mas é curioso perceber onde o partido conseguiu dominar nas urnas.

A CDU venceu mesmo as eleições federais antecipadas na Alemanha. No acto eleitoral realizado neste domingo, a coligação conservadora CDU/CSU conseguiu 28,6% dos votos e 208 deputados.

São mais 11 deputados do que nas eleições de 2021 – e a União Social-Cristã (CSU), da Baviera, até ficou com menos um deputado; a CDU é que subiu 12.

As grandes quedas verificaram-se nos Verdes (85 deputados, uma queda de 33 representantes) e sobretudo no SPD, do ainda chanceler Olaf Scholz, que passou de 206 deputados para 120. Os sociais-democratas perderam 86 lugares, no seu resultado mais baixo em mais de um século.

Se houve duas quedas tão significativas, algum partido conseguiu uma subida fora da média: foi o AfD, a Alternativa para a Alemanha.

Os resultados oficiais mostram o que se esperava: o partido de extrema-direita (com 20,8%) vai ter 152 deputados, quando tinha conseguido 83 deputados nas eleições anteriores.

E onde o AfD foi buscar os 69 novos deputados? Olhando para o mapa do Der Spiegel, é fácil responder: ao Leste da Alemanha.

Dos 6 Estados da zona oriental da Alemanha, só Berlim desviou-se da nova tendência. Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Baixa Saxónia, Brandemburgo, Turíngia e Saxónia. Todos votaram AfD, por “maioria absoluta”.

Ou seja, é curioso perceber que quem votou na extrema-direita foram as zonas (e milhões de eleitores ainda vivos) da outrora RDA – República Democrática Alemã, que sempre foi próxima da URSS e do comunismo, embora se apresentasse como um “Estado socialista dos trabalhadores e camponeses”.

Não surpreende. Depois das diversas vitórias, ou subidas inéditas, em eleições locais, a New Lines Magazine já avisava que a antiga RDA era “terreno fértil” para o AfD.

Desde a década 1990 que foram surgindo sinais de que havia muitos nacionalistas (ou mesmo neonazis) na zona Leste da Alemanha.

São pessoas descontentes com o baixo crescimento económico da região, com os números do desemprego – comparando com o resto do país – e, claro, com a “submissão” de muitas empresas orientais a empresas ocidentais depois da queda do Muro de Berlim.

Agora, a Al Jazeera acrescenta: controlar a imigração, sair do euro, sair da NATO… Tudo ideias do AfD. Política de isolamento, no fundo. Nostalgia, para alguns resistentes dos tempos da RDA.

Na Alemanha Oriental, ou antiga RFA – República Federal Alemã, a CDU dominou, com algumas (muito poucas) excepções para SPD, Verdes.

O AfD também venceu na antiga RFA, mas só em Kaiserslautern.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

3 Comments

  1. Como é que pode ser Extrema-Direita se a AfD é Pró-Putin?
    Quem votou em massa na AfD foi precisamente toda a antiga Alemnha Oriental, a Comunista, eles estão convecidos e ninguem lhes vá dizer o contrario que o SOcialismo/Marxismo é BOM!
    Como é que gente que levaram uma Lavagem de Cerebro Comunista, e acredita plenamento nos Valores Comunistas pode ser de extrema-direia?
    Aí está os fazedores de opiniao, invetam cada uma. Tenham mas é JUIZO

  2. Não houve 1 unica mesa de Voto na Alemanha Ocidental (RFA) que tenha votado AfD. Foram tudo os comunas/ socialistas da Alemanha Oriental (DDR).
    Apesar dos enormes esforços dos alemaes Ocidentais para os sairem da freude Socialista / Comunista, eles não querem sair, estão à espera que os “Ricos que lhes paguem a Vida”. Já fazem, mas querem mais. São iguaizinhos à tropa Socialista / Marxista de cá, querem que a UE lhe “pague uma vidinha de Luxo, sem fazemrem nada de util ou produtivo de riqueza”.
    São “filhos” da mesma Vaca que os Pariu

  3. Claro, querem continuar a mamar do que o Ocidente conquistou e lhes paga.
    Ergam o muro de Berlin novamente, que para nazi já têm o Putin em Moscovo.

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