Afonso Dias é um homem livre e diz que “culpada é a família do Rui Pedro”

José Coelho / Lusa

Afonso Dias foi condenado pelo rapto de Rui Pedro

Afonso Dias, o camionista de Lousada que foi condenado a 3 anos de prisão pelo rapto de Rui Pedro é agora, oficialmente, um homem livre, depois de terminada a liberdade condicional. Reafirmando a sua inocência, diz que é tanto “vítima” como a criança e que “culpada” é a família do jovem desaparecido há 20 anos.

“As pessoas que estão a ser culpadas são a família do Rui Pedro pelo que me fizeram a mim”, queixa-se Afonso Dias numa entrevista ao Jornal de Notícias, divulgada no dia em que passa a ser oficialmente livre, depois de terminado o período de liberdade condicional.

O camionista de Lousada, de 41 anos, foi condenado a três anos de prisão pelo rapto de Rui Pedro, 15 anos depois do desaparecimento da criança. Em Março de 2017, Afonso Dias saiu da prisão em liberdade condicional, após ter cumprido dois terços da pena.

Agora, terminada a liberdade condicional, diz que sempre se sentiu “um homem verdadeiramente livre, porque nunca deveu “nada a ninguém”, conta ao JN.

“As pessoas já perceberam que nada tive a ver com o desaparecimento. Se eu fosse culpado, não conseguia viver em Lousada e ninguém gostava de mim”, constata.

Fui uma vítima neste processo. Aliás, eu e o Rui Pedro fomos as duas vítimas”, acrescenta, reafirmando a sua inocência e salientando que foi alvo de “grande injustiça”.

Assumindo que sente “um bocadinho de revolta” por todo este processo, diz que os dias na prisão “foram maus” e que sofreu uma depressão, mas que foi sempre “bem tratado pelos outros reclusos”. Enquanto esteve detido, conseguiu terminar o 12.º ano.

“Não odeio ninguém e espero que encontrem o Rui Pedro”, assegura também, considerando que o caso do desaparecimento só se tornou mediático por a família do jovem ter “posses”. E refere que a testemunha que o identificou como tendo estado com a criança só o fez por “motivos financeiros”.

Rui Pedro desapareceu a 4 de Março de 1998, em Lousada, quando tinha 11 anos de idade. Até agora, não há sinais do seu paradeiro. Afonso Dias terá sido a última pessoa a ver o jovem antes do seu desaparecimento, mas sempre negou responsabilidades no caso.

ZAP //

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