Afinal, os tiranossauros bebés não são tiranossauros

ZAP // Dall-E-2

Os fósseis de tiranossauros pequenos eram uma espécie distinta chamada Nanotyrannus lancensis ou apenas jovens T. rex? A controvérsia continua.

Um novo estudo, publicado a semana passada na revista Fossil Studies, afirma ter encontrado provas de que mini tiranossauros que circulavam ao lado do seu famoso primo gigante são uma espécie diferente — mas alguns cientistas não estão convencidos.

O Tyrannosaurus rex é um dos dinossauros mais bem estudados, sendo o seu enorme tamanho bem documentado.

Mas várias espécimes menores foram descobertas desde a década de 1940 e os paleontólogos debateram se essas são uma espécie anã diferente, chamada Nanotyrannus lancensis, ou eram apenas jovens T.rex.

Em 2020, recorda o Phys.org, um estudo de cientistas da Universidade Estadual de Oklahoma inclinou-se a favor da hipótese de se tratarem de T. rex adolescentes, uma vez que a microestrutura óssea e as proporções de dois espécimes sugeriam que estes ainda não tinham atingido o seu tamanho completo.

Da mesma forma que se determina a idade de uma árvore, os anéis de crescimento nos ossos das pernas indicavam que, no momento da morte, estes espécimes teriam entre 13 a 15 anos — exatamente a idade adolescente de um T. rex.

Numa primeira fase, os investigadores mediram os anéis de crescimento dos ossos das pernas dos pequenos tiranossauros e descobriram que a parte externa dos ossos se estavam a aproximar.

Este dado indicaria que as taxas de crescimento dos dinossauros estavam a desacelerar, o que significa que estavam próximo do seu tamanho completo.

“Se fossem jovens T. Rex, deveriam estar a crescer como loucos, a ganhar centenas de quilos por ano, mas não estamos a ver isso”, diz Nick Longrich, co-autor do estudo.

“Tentamos modelar os dados de muitas maneiras diferentes e continuamos a obter baixas taxas de crescimento”, acrescenta.

A partir dos seus modelos, os investigadores estimaram que o Nanotyrannus teria crescido até no máximo entre 900 a 1500 kg e até 5 m de comprimento. Isto pode não parecer muito “nano”, mas é apenas cerca de 15% do tamanho de um T. rex adulto.

Os anéis de crescimento não foram a única linha de prova que a equipa usou. Examinaram uma série de fósseis de T. rex e Nanotyrannus e identificaram mais de 150 características que pareciam diferir entre as espécies.

Além do tamanho dos próprios animais, o Nanotyrannus tendia a ter focinhos mais estreitos, dentes mais lisos, pernas mais longas e braços maiores.

“Os braços são realmente mais longos do que os do T. rex”, disse Longrich.

“Mesmo o maior T. rex tem braços mais curtos e garras menores do que nesses pequenos Nanotyrannus. Este era um animal onde os braços eram armas realmente formidáveis. É realmente apenas um animal completamente diferente — pequeno, rápido, ágil. O T. rex dependia de tamanho e força, mas este animal dependia de velocidade”.

A equipa afirma que a necessidade de mais evidências vem da falta de fósseis com características tanto de Nanotyrannus quanto de Tyrannosaurus.

Se um se transformasse no outro, deveria haver uma escala de características — mas, ao examinar mais de perto, a equipa não encontrou fósseis com características mescladas.

Tendiam a se enquadrar numa categoria ou outra, apoiando a hipótese de espécies separadas.

Finalmente, os cientistas afirmam ter identificado um fóssil de um jovem T. rex — e não se parece com aqueles atribuídos ao Nanotyrannus. Este fragmento de crânio estava a acumular poeira numa gaveta de museu durante anos e estima-se que veio de um animal com um crânio, que mede cerca de 45 cm de comprimento e que tem um comprimento total do corpo de cerca de 5 m.

Numa pesquisa mais recente, os investigadores identificaram características consistentes com um Tyrannosaurus, mas não um Nanotyrannus.

Embora a equipa diga que parece ser o fim da hipótese do jovem T. rex, alguns cientistas não concordam totalmente com esta hipótese.

“Não estou convencida de que a interpretação deles seja mais precisa do que a nossa”, disse Holly Woodward, autora do estudo de 2020, que defendia a ideia do jovem T. rex.

Outros especialistas afirmam que o fragmento de crânio que a equipa atribuiu recentemente a um jovem rex é demasiado incompleto para se ter a certeza.

Este novo capítulo na saga do Nanotyrannus é intrigante, mas provavelmente não será o último.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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