A China vai facilitar o acesso aos vistos a 11 países europeus e deixou Portugal de fora (pelo menos para já). O embaixador de Pequim em Lisboa admitiu que, numa próxima fase, Portugal será abrangido por este regime (e a bom preço).
A China anunciou, esta terça-feira, que vai prolongar a política de isenção de vistos para cidadãos de 11 países europeus até 2025 – mas excluiu Portugal.
Os cidadãos de França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suíça, Irlanda, Hungria, Áustria, Bélgica e Luxemburgo poderão permanecer no país asiático para turismo, negócios ou trânsito durante 15 dias.
Na sequência, o embaixador português em Pequim, Paulo Nascimento, disse à agência Lusa “não entender” o critério de deixar Portugal de fora. O diplomata lembrou que a China está no direito de decidir a sua política de vistos de forma autónoma, mas admitiu que ia pedir uma consulta específica sobre a decisão às autoridades do país.
Esta sexta-feira, em entrevista à Antena 1, o embaixador da China em Portugal admitiu que, na próxima fase, Portugal deverá ser abrangido pelo regime de isenção de visto: “Já tomei uma série de medidas na embaixada, para facilitar a atribuição dos vistos e reduzir o preço dos vistos para os portugueses”.
Zhao Bentang explicou, à rádio pública, que a China concede a isenção, de acordo com os intercâmbios existentes, notando que, com Portugal, essa prática tem pouca expressão.
“Há mais de 190 países em todo o Mundo, mas na lista de isenção de vistos só temos 12. Portugal não foi incluído – não por não ter necessidade, mas sim porque tomámos uma decisão sobre a isenção dos vistos de acordo com as situações atuais dos intercâmbios pessoais e a frequência desses intercâmbios”, esclareceu.
“A política chinesa de isenção de vistos existe para promover a abertura da China e fomentar os intercâmbios com os outros países”, acrescentou.
“Com Portugal há relativamente menos intercâmbios do que com esses 12 países, mas acredito que numa próxima fase Portugal posso ser considerado para essa lista de isenção de vistos”, admitiu o embaixador.
Apesar dessa “distância” que levou a China a não considerar Portugal na atribuiçãoo automática de vistos, Bentang enalteceu que Portugal continua a ser um parceiro estratégico importante: “Portugal é um país amigável e um parceiro estratégico global importante da China”
Os cidadãos chineses precisam de visto para entrar em Portugal. Com efeito, a China não consta na Lista dos Países cujos cidadãos estão isentos de pedir visto para entrar em no nosso país — onde apenas se encontram referidas duas Regiões Administrativas Especiais do país asiático: Hong Kong e Macau.
Os interessados podem solicitar diferentes tipos de vistos, dependendo do propósito da visita, como turismo, negócios, estudos, ou trabalho. Para estadias de curta duração, como turismo, geralmente é necessário um visto Schengen, que permite a estadia em Portugal e em outros países do Espaço Schengen por até 90 dias dentro de um período de 180 dias.
Questionado sobre a tensão com várias potências mundiais – nomeadamente com os EUA – o embaixador de Pequim em Lisboa disse que esse clima é consequência de o país asiático se estar a tornar numa superpotência e de ser socialista.
“A China é o maior país em desenvolvimento do Mundo e persiste numa política externa independente e pacífica. (…) O que acontece é que a China por ser a segunda maior economia do Mundo e porque é um país socialista desperta nalguns países o medo de que a China os possa substituir, e o medo que esse desenvolvimento vá causar mudanças na hegemonia e no unilateralismo deles. Mas iremos persistir sempre no multilateralismo“, considerou.