Depois de os Estados Unidos terem proibido os seus cidadãos de visitar a Coreia do Norte, depois de um turista americano ter sido condenado a trabalhos forçados, Kim Jong-Un vem agora dizer que os americanos são “bem vindos” ao país.
“A porta está aberta aos turistas americanos“, disse esta sexta-feira a Coreia do Norte, apesar da proibição imposta pela administração Trump. A lei entra em vigor a 1 de setembro e surge na sequência da morte de um estudante norte americano, Otto Warmbier, na Coreia do Norte.
Os americanos justificaram a lei com o “risco grave de detenções” de cidadãos norte-americanos por autoridades norte-coreanas, que representam “uma ameaça imediata para a sua segurança física.”
Esta sexta-feira, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte citado pelo Diário de Notícias disse que os americanos são “bem-vindos. A nossa porta está sempre aberta a qualquer cidadão norte-americano que quer visitar o nosso país de boa fé”, disse o responsável em comunicado divulgado pela agência oficial de notícias KCNA.
“Não há nenhuma razão para que os estrangeiros não se sintam seguros na Coreia do Norte, que tem um sistema estatal mais forte e mais estável“, disse.
A morte de Otto Warmbier acentuou as já fortes tensões entre Washington e Pyongyang, num contexto de corrida ao armamento nuclear pelo regime norte-coreano, que parecia já aguardar esta decisão.
“Se o Governo americano diz que os seus cidadãos não podem vir ao país, isso não nos diz respeito”, declarou na semana passada à agência noticiosa France Presse (AFP) em Pyongyang Han Chol-Su, um alto responsável norte-coreano.
Esta proibição regista algumas exceções no caso de “interesse nacional”, relacionados com critérios humanitários ou caso o requerente seja um representante da Cruz Vermelha. De acordo com o documento do Departamento de Estado hoje publicado, estas restrições aplicam-se durante um ano e podem ser renovadas.
Cerca de 5 mil turistas ocidentais, incluindo cerca de mil norte-americanos, visitam anualmente a Coreia do Norte, segundo as agências de viagens que organizam estas deslocações, totalmente enquadradas pelo regime.
A morte de Otto
O americano morreu a 19 de junho, depois de ter sido condenado a 15 anos de trabalhos forçados por “crimes contra o Estado” da Coreia do Norte, após tentar roubar um cartaz de propaganda política do hotel onde estava hospedado, tendo sofrido depois graves lesões cerebrais que resultaram numa paragem cardíaca.
O estudante faleceu passado uma semana de ter sido libertado, ainda em coma, pela Coreia do Norte.
Antes disso, Otto Warmbier esteve detido durante 17 meses e em coma mais de um ano, depois de ter contraído botulismo, conforme revelaram autoridades norte-coreanas a responsáveis norte-americanos, segundo contam os pais do jovem ao TWP.
De acordo com a versão não confirmada pelas autoridades dos EUA, ele terá tomado um comprimido para dormir, após contrair botulismo, e terá entrado em coma, nos dias seguintes ao julgamento.
Quando chegou a casa, Warmbier tinha lesões cerebrais que os médicos não conseguiam explicar. “Ele abre espontaneamente os olhos e pestaneja. Contudo, não mostra sinais de entendimento da linguagem, respondendo a comandos verbais ou com atenção ao que o rodeia. Ele não falou”, acrescentou o médico.
A equipa médica indicou igualmente não ter identificado vestígios de botulismo no organismo de Otto Warmbier, de 22 anos, afastando a explicação fornecida pelo regime norte-coreano para o estado de coma em que o jovem mergulhou, pouco após a sua detenção e o seu julgamento, em Março de 2016.
Depois disso, surgiram rumores de que o jovem de 22 anos terá sido repetidamente espancado enquanto esteve detido. Pyongyang apressou-se a negar as acusações.