O Telescópio Espacial James Webb (JWST) fez recentemente uma descoberta impressionante, ao identificar aqueles que podem ser os enxames mais antigos de estrelas do Universo.
Um novo estudo, publicado esta segunda-feira na Nature, revelou que foram detetados cinco aglomerados proto-globulares incrivelmente densos no interior do arco Cosmic Gems – uma galáxia formada apenas 460 milhões de anos após o Big Bang.
Durante a Época da Reionização, cerca de 400 milhões de anos após o Big Bang, a luz das estrelas nascentes alterou a estrutura das galáxias ao despojar o hidrogénio dos seus eletrões.
Segundo a líder da investigação, Angela Adamo, da Universidade de Estocolmo, afinal, “o universo primitivo não é nada como esperávamos”.
“As galáxias são mais luminosas, formam estrelas a uma velocidade vertiginosa e fazem-no em aglomerados de estrelas maciços e densos. Estamos a construir uma nova compreensão de como as primeiras galáxias se formaram”, disse à Live Science.
Sabe-se que as estrelas, à medida que se formam, lançam material sob a forma de ventos e jatos de plasma ionizado – um processo conhecido como feedback estelar.
Angela Adamo teoriza que, para formar os cinco enxames de estrelas, a galáxia teve de fazê-lo com uma eficiência muito elevada: “o feedback estelar deve ter sido tremendo”.
Descoberto em 2018 pelo Telescópio Espacial Hubble, o arco Cosmic Gems foi observado com detalhes sem precedentes pelo JWST.
Como explica a Live Science, este fenómeno foi possível graças à lente gravitacional, que, segundo a teoria da relatividade geral de Einstein, permite que a gravidade curve e amplie a luz, tornando visíveis galáxias antigas.
Restam (e restarão sempre) dúvidas
Não está claro, no entanto, se os cinco aglomerados globulares observados são os primeiros a existir, já que a formação de estrelas pode ter ocorrido de forma agrupada em galáxias bastante primordiais.
“Em princípio, eu esperaria que a formação de estrelas ocorresse de forma agrupada mesmo em galáxias bastante primordiais. Mas para formar protoaglomerados globulares [maciços], a galáxia hospedeira precisa de ser capaz de criar e reter massa suficiente em gás. Portanto, tudo depende da rapidez com que as galáxias primordiais podem crescer”, disse Angela Adamo.
Para aprofundar o conhecimento sobre estas primeiras estruturas e compreender melhor as propriedades físicas destes fenómenos e do seu impacto na galáxia, os investigadores vão levar a cabo uma análises espectroscópica mais aprofundadas.