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Afinal, Mordor existe mesmo (e os cientistas já o descobriram)

Reynolds et al., Geochem. Geophys. Geosyst., 2018

Os cientistas descobriram os restos de uma vasta extensão de fluxos de lava subaquática perto da costa australiana, uma paisagem subaquática em nada diferente do reino carbonizado de Mordor, descrito no Senhor dos Anéis – mas sem sinais do Sauron.

Com a utilização de tecnologia avançada, a equipa de cientistas descobriu os restos de 26 antigos fluxos de lava, que mediam até 34 quilómetros em comprimento e 15 quilómetros em largura. O estudo foi publicado na American Geophysical Union Journal, em novembro.

Com um máximo de 625 metros de altura, os picos do terreno não iriam facilitar a vida de Frodo Baggins, se não estivessem submersos, mas é a forma como os investigadores olharam para baixo do sedimento do fundo do oceano que torna esta descoberta tão notável.

“Ao utilizar dados recolhidos através da exploração de óleos, fomos capazes de mapear os antigos fluxos com um detalhe sem precedentes, revelando uma espetacular paisagem vulcânica que traz à mente ilustrações do Senhor dos Anéis”, disse um dos membros da equipa Nick Schofield da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido.

“Os fluxos de lava submarinos são inerentemente mais difíceis de estudar do que os seus homólogos em superfície terrestre devido à inacessibilidade, e a tecnologia usada é semelhante em muitas formas à usada para produzir ecografias de bebés, mas para a Terra”, explica.

Chama-se dados de reflexão sísmica em 3D e é obtido através da digitalização de superfícies com ondas sísmicas.

Ao medir a forma como estas ondas se recuperam, os investigadores conseguem determinar a composição das características subterrâneas, que de outra forma, estariam escondidas de vista – neste caso, até 250 metros de sedimento.

À parte de ter uma grande ligação com o Senhor dos Anéis, a descoberta poderia, de facto, ensinar-nos mais sobre como os fluxos de lava entram em erupção e se espalham. As primeiras erupções, acredita-se, aconteceram há 35 milhões de anos.

Parte do que o que os cientistas descobriram na Bacia Bight, perto da costa sul da Austrália são uma série de kīpukas subaquáticas, ou ilhas criadas por fluxos de lava formados à volta dos limites.

Alguns destes fluxos de lava nunca foram estudados debaixo de água antes. Com mais de dois terços da atividade vulcânica na Terra a acontecer debaixo de água, quanto mais pudermos aprender sobre estes fluxos, melhor.

Todos os fatores têm de ser tidos em consideração para formar modelos precisos, incluindo o tamanho da erupção, mas este Mordor de profundidade dá aos especialistas uma paisagem do mundo real para analisar.

O que torna este sítio em particular apto para estudos é o facto de os fluxos de lava estarem relativamente próximos da superfície e não estarem cobertos por basalto, o que tornaria a digitalização sísmica mais difícil.

“Ao usar esta técnica, temos uma visão única de uma paisagem que permaneceu escondida por milhões de anos, sublinhando a importância crescente de dados sísmicos no estudo do vulcanismo submarino”, disse Schofield.

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