/

Afinal, MEGA: Trump está a tornar a Europa grande outra vez

4

gints.ivuskans,

A economia dos EUA parecia imparável, enquanto a da Europa estava aparentemente condenada. Mas, em poucos meses, o Mundo mudou.

Em novembro de 2024, Donald Trump tinha acabado de ser eleito. Os americanos estavam divididos e instáveis.

Mas o mercado norte-americano de ações estava entusiasmado. As cotações atingiram máximos históricos com a notícia da eleição de Trump, e o valor do dólar subiu.

Do nosso lado do Atlântico, as sensações eram bastante diferentes. A cotação do euro e o valor das ações nas bolsas europeias caíram, impulsionadas pelo receio do impacto das tarifas de Trump na economia do Velho Continente, explica o repórter Miles Bryan no mais recente episódio do podcast Today, Explained da Vox.

Os analistas esperavam que as economias e os mercados europeus, que há muito tinham um desempenho inferior ao dos seus homólogos americanos, ficassem ainda mais para trás.

Agora, no entanto, as sensações inverteram-se: As ações americanas estão em queda, as projeções de crescimento são instáveis e o dólar está a perder valor. Entretanto, muitas ações europeias estão em alta.

Então, o que é que aconteceu?

A resposta a essa pergunta, como à maioria das perguntas atuais, é Donald Trump — especificamente, o nível de antagonismo sem precedentes da sua administração em relação à Europa.

Nos primeiros meses, a administração Trump deixou claro que é ambivalente em relação aos laços militares e económicos com a Europa.

A mensagem tem sido, como disse o vice-presidente JD Vance numa conversa recente no Signal, que os EUA estão cansados de “salvar a Europa” — e que é altura de o continente se sustentar sozinho.

A mensagem era clara, e foi recebida pelos líderes europeus, especialmente no que diz respeito a questões militares, nota Miles Bryan.

Depois de os Estados Unidos terem minimizado a agressão da Rússia na Ucrânia e lançado dúvidas sobre o seu compromisso com a NATO, a União Europeia está agora a pressionar todos os seus membros para aumentarem os orçamentos militares e emitirem dívida para financiar as compras de defesa.

Este tipo de despesas com a defesa arrasta consigo todo o tipo de efeitos de incentivos, que estão a estimular as bolsas de valores da Europa e a deixar os especialistas económicos esperançados quanto ao futuro económico da UE.

“O símbolo da grandeza industrial europeia, que exporta para todo o mundo, passou recentemente por momentos muito difíceis, com os elevados preços da energia, a concorrência da China e a iminente guerra comercial”, diz por seu turno Henry Foy, analista do Financial Times, ao Today, Explained.

“Agora, na Europa fala-se em converter fábricas de automóveis desativadas em fábricas de tanques“, realça Foy.

As tarifas de 25% sobre os automóveis importados, anunciadas recentemente por Trump e que entrarão em vigor a 3 de abril, podem tornar mais provável esta reorientação.

O diretor executivo da Rheinmetall, a maior empresa de defesa da Alemanha, visitou recentemente uma fábrica da Volkswagen que deverá encerrar no outono.

A Rheinmetall, tal como os seus fornecedores, trabalhadores e parceiros, vão beneficiar fortemente do aumento das despesas com a defesa que a maior parte dos países europeus vai promover. Entretanto, a valorização em bolsa da Rheinmetall triplicou desde janeiro — e vale agora mais do que a Volkswagen.

“Se o reinvestimento for bem feito, se as encomendas forem feitas, se funcionar, pode ser um grande motor para a economia em geral”, diz Foy.

E se isso acontecer, Donald Trump terá cumprido a sua promessa de dar início a um “boom económico como nenhum outro“. Apenas não será na América.

Assim, talvez o presidente norte-americano tenha que trocar uma letra no seu emblemático boné vermelho para refletir o provável impacto da sua governação. Make Europe Great Again.

ZAP //

4 Comments

  1. Converter fábricas de automóveis desativadas em fábricas de tanques. “A quoi bon ? “, como diriam os franceses. A mim, parece-me um keynesianismo que cheira a desespero, ou que nos quer fazer desesperar, para a elite do costume nos convença continuar tolerar o seu enriquecimento á nossa custa. Onde é que já foi mostrado este filme da intervenção do(s) estado(s) com a pretensa intensão de evitar crises, desemprego em massa e aumento descontrolado da inflação, bem como garantir o crescimento econômico..? Além disso, de onde vem o financiamento para esta reconversão industrial ? Um financiamento que terá de ser feito sacrificando ouras necessidades prementes e imediatas. Quanto tempo demorará até á produção plena ? E a quem vai a Europa vender tanques de guerra, criando um “boom económico como nenhum outro” ? Afinal, quem é este Henry Foy, analista do Financial Times, de quem nunca se ouviu falar ?

    3
    4

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.