Aeroporto de Beja era palco de rede internacional de tráfico de droga

“Narcos do céu” tinham “ampla estrutura” no aeroporto português e noutros por toda a Europa. Polícia fala em funcionários corruptos.

A rede de tráfico de cocaína desmantelada pela Polícia Nacional (PN) espanhola e pela Polícia Judiciária tinha no aeroporto de Beja uma “ampla estrutura”, onde operava “uma rede de funcionários corruptos” liderada por um cidadão português, explica um comunicado da PN a que a Lusa teve acesso.

De acordo com o JN, um traficante português, de 71 anos, três dos seus colaboradores e os agentes foram detidos já em outubro por utilizarem o aeroporto de Beja para o tráfico de droga.

O homem terá subornado dois agentes da PSP para ter acesso à droga, que chegava em jatos privados a este aeroporto. A PJ acrescenta que este suspeito, conhecido pelas autoridades policiais portuguesas, é reconhecido internacionalmente como sendo um “High Value Target”, ou seja, um suspeito de elevada relevância criminal no submundo do tráfico ilícito de estupefacientes.

A Direção Nacional da PSP disse ao JN que a detenção dos polícias “teve como origem uma participação da própria PSP de Beja ao Ministério Público local”, tendo sido “ordenada a abertura de processos disciplinares internos”.

O esquema criminoso, intitulado de “Narcos do Céu” envolveu transporte marítimo, usando contentores de carga para dissimular cocaína em direção a portos espanhóis. Segundo o comunicado, após meses de investigação, confirmou-se que a rede de tráfico tinha acesso a vários aeroportos europeus como ponto de entrada dos carregamentos de cocaína, “encontrando-se um deles na localidade portuguesa de Beja”.

“Ali a rede contava com uma ampla estrutura, razão pela qual os seus membros realizavam numerosas deslocações a Portugal”, adianta o comunicado.

A PN adianta ainda que nessa ocasião não foi possível à rede criminosa carregar o avião com droga, o que se traduziu num prejuízo superior a 500 mil euros para a organização.

Os suspeitos mantiveram o plano de enviar para a Europa quase duas toneladas de cocaína por voos privados, mas para “poder recuperar economicamente da perda e financiar a operação, assim como para manter o seu nível de vida, mudaram o seu modus operandi“, optando por operações de “menor envergadura”, enviando malas de cocaína a partir de vários países em direção ao aeroporto de Barajas, em Madrid.

Foram detetados pela investigação quatro envios com recurso a este método ao longo de um ano: setembro de 2023 (16,5 quilos de cocaína), março de 2024 (31 quilos), abril de 2024 (60 quilos) e setembro de 2024 (20 quilos).

Em maio deste ano, foram encontrados 344 quilos de cocaína escondidos no chão de um contentor carregado de abacates proveniente do Peru com destino ao porto de Barcelona, tendo o carregamento sido intercetado antes de chegar às mãos da rede de tráfico.

No total, em Portugal e Espanha, foram detidas 25 pessoas de diversas nacionalidades.

ZAP // Lusa

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