As pessoas que coabita tendem a ter níveis de açúcar no sangue mais baixos, mesmo que a relação não seja a melhor. Esta é a conclusão de um estudo que alerta para o isolamento social e a sua relação com o risco de diabetes tipo 2.
Os investigadores acreditam que viver com outra pessoa é uma importante fonte de apoio social na meia e na idade mais avançada, de acordo com o estudo publicado no British Medical Journal’s Diabetes Journal.
A equipa também descobriu que os efeitos nos níveis de açúcar eram os mesmos, independentemente de a relação ser saudável ou não.
O estudo tem por base trabalhos anteriores que identificaram os benefícios para a saúde do casamento e da coabitação, particularmente em adultos mais velhos.
Simultaneamente, outros estudos científicos concluíram que o risco de diabetes tipo 2 está associado ao isolamento social, solidão e dimensão da rede de interações.
“Um maior apoio a adultos mais velhos em situação de perda de uma relação conjugal / coabitação por divórcio ou luto, e o desmantelamento de estereótipos negativos nas relações românticas numa fase da vida mais tardia, podem ser pontos de partida para enfrentar riscos de saúde”, explicou Katherine Ford, autora principal do estudo e investigadora da Universidade de Carleton em Ottawa.
Entre estes riscos contam-se mais especificamente “a deterioração da regulação glicémica, associada a transições conjugais em adultos mais velhos”, explicitou a investigadora, citada pelo The Guardian.
A equipa de cientistas investigou se existia uma relação entre o estado civil e a qualidade conjugal com níveis glicémicos médios em adultos mais velhos, utilizando dados biomarcadores do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA).
Trata-se de uma amostra de adultos que vivem em Inglaterra com 50 anos ou mais, assim como os seus parceiros, que fornecem dados bianuais. Foram utilizados dados de 3.335 adultos com idades compreendidas entre os 50 e os 89 anos, sem diagnóstico de diabetes entre 2004 e 2013.
Os participantes forneceram amostras de sangue para medir os seus níveis médios de glicemia e foi-lhes perguntado se tinham um marido, esposa ou parceiro com quem viviam. Outras perguntas foram colocadas no sentido de perceber se a relação era saudável ou não.
Para além de dados sobre a relação, foram recolhidas informações sobre vários factores, tais como detalhes sobre idade, rendimento, emprego, tabagismo, atividade física, depressão, índice de massa corporal e ter outros tipos de interações na sua rede social (não as digitais).
O estudo também testou as probabilidades de pré-diabetes, que eram mais baixas entre aqueles que eram casados ou que viviam em união de facto.
A análise dos dados ao longo do tempo mostrou que as pessoas cujos relacionamentos mudaram, por exemplo através do divórcio, também sofreram alterações significativas nos seus níveis de açúcar no sangue e nas probabilidades de pré-diabetes.
Surpreendentemente, a qualidade da relação não fez grande diferença para os níveis médios de glucose no sangue, sugerindo que ter uma relação de apoio ou tensão era menos importante do que ter apenas uma relação.
Como estudo de observação, os investigadores disseram que não conseguiram estabelecer causa, ou, por exemplo, se as pessoas com pior saúde tinham mais probabilidades de se divorciarem.