O atual administrador não executivo da Galp anunciou a saída do CDS, abrindo caminho a uma debandada de nomes fortes do partido.
Depois de no sábado ter anunciado a sua desfiliação do CDS, partido em que milita há 25 anos, “em nome da liberdade”, Adolfo Mesquita Nunes aproveitou o seu espaço de comentário na SIC Notícias para esclarecer que a decisão não está relacionada “com as discordâncias profundas” que tem com a direção, mas sim com o rumo que o partido está a tomar a nível interno e o espaço que tem assumido no cenário político português.
“A minha desfiliação não tem a ver com discordâncias profundas que tenho com esta direção, mas com a convicção de que o CDS é hoje, quer continuar a ser, um partido estruturalmente diferente daquele em que me filiei”. Tão diferente, tão distante daquilo que eu defendo, que não faz mais sentido que eu faça dele” afirmou.
Os acontecimentos do Conselho Nacional de sexta-feira, que ditaram o adiamento do Congresso inicialmente previsto para 27 e 28 de novembro, também pesaram na na decisão do antigo dirigente. “Uma delas tem a ver com o momento da desfiliação. Esta último Conselho Nacional comprova que o CDS desistiu de ter uma vida institucional própria e autónoma”, apontou.
“O CDS aceitou prescindir de um congresso ordinário que estava convocado para que esta direção não fosse a eleições. Portanto, é o CDS que prescinde do seu direito a escolher com que líder e com que estratégia vai a umas eleições legislativas. Mais: aceitou prescindir de um congresso para discutir se quer uma coligação pré-eleitoral com o PSD. Recordo que não há nenhuma moção estratégica aprovado em congresso que autorize essa coligação pré-eleitoral“, disse, citado pelo Expresso.
O posicionamento ideológico da atual direção também foi criticado por Adolfo Mesquita Nunes. “O atual presidente do CDS foi eleito dizendo que ele é que ia ser da direita verdadeira e que o PSD era um partido de centro-esquerda. E vai agora acabar a fazer uma coligação sem passar pelo congresso. “O CDS desistiu de ser o partido que alberga as várias direitas” e “quer transformar-se num partido que odeia e persegue as diferenças entre essas direitas, em nome de uma qualquer visão afunilada, homogeneizada do que deve ser a direita”.
O antigo dirigente acabou mesmo por dizer que o CDS “nunca foi isto” e, para justificar o seu ponto, enumerou o nome de antigos dirigentes do partido. “Freitas do Amaral, Lucas Pires, Adriano Moreira ou Manuel Monteiro, só para dizer estes, eram representantes de várias formas e de várias sensibilidades do que é ser de direita. E só assim é que o partido cresceu.”
Agora, diz, “esta diversidade passou a ser vista como uma fraqueza” e “o partido entrou numa espécie de campeonato para ver quem é mais de direita, mais puro e mais cristão”.
Mesquita Nunes disse ainda que não aceita “lições nenhumas de dedicação ao CDS” e defende “este caminho que o CDS está a seguir é irreversível”.