ADN com um milhão de anos traça a cronologia das alterações climáticas na Antártida

Shuai Yan / UT Jackson School of Geosciences

A costa da Terra da Princesa Isabel da Antártida, perto do local onde o manto de gelo se encontra com o mar.

A descoberta de amostras de SedaADN no fundo do Mar de Scotia ajuda-nos a criar modelos mais precisos sobre o impacto que as alterações climáticas terão nos ecossistemas da Antártida.

Um novo estudo publicado na Nature Communications relata a descoberta surpreendente de fragmentos de ADN com um milhão de anos no fundo do Mar de Scotia, a norte da Antártida.

A descoberta é importante para sabermos mais sobre a história desta região, como quais as criaturas que já viveram no oceano e em que momento. As amostras de SedaDNA — ADN antigo sedimentar — também nos ajudam a prever como as alterações climáticas vão afetar a Antártida no futuro.

“Esta é de longe a descoberta de SedaDNA marinho autêntico mais antigo até hoje”, explica Linda Armbrecht, ecologista marinha e co-autora do estudo.

As baixas temperaturas, a quantidade reduzida de oxigénio e a falta de radiação UV tornam os ambientes marinhos polares locais ideais para a descoberta de SedaADN praticamente intacto.

As amostras em causa foram recolhidas em 2019. A equipa descobriu diatomáceas (organismos com apenas uma célula) com mais de 540 mil anos. A abundância de diatomáceas nesta altura indica que o clima era mais quente, sendo que o último período mais quente no Mar de Scotia foi há 14 500 anos, escreve o Science Alert.

“Esta é uma mudança interessante e importante que está associada a um rápido e global aumento do nível do mar e à perda massiva de gelo na Antártida devido ao aquecimento natural”, explica o co-autor do estudo e geólogo Michael Weber.

Esta pesquisa revela que estas técnicas de recolha de SedaADN podem ser úteis na reconstituição dos ecossistemas ao longo de centenas de milhares de anos, criando quase um “filme” das mudanças nos oceanos ao longo da história.

Entender mais sobre a resposta dos ecossistemas às alterações climáticas passadas também nos ajuda a criar modelos e previsões mais precisos sobre o que o futuro reserva para o Pólo Sul.

ZAP //

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