Adidas suspendeu venda de camisolas personalizadas da seleção alemã após utilizadores de redes sociais apontarem que tipografia do número 44 tinha semelhanças com símbolo da organização nazi SS.
A empresa de material desportivo Adidas suspendeu a venda de camisolas personalizadas da seleção alemã no seu site após utilizadores de redes sociais apontarem que uma das opções de número tinha semelhanças com o símbolo de uma organização nazi.
Nesta segunda-feira, o site da Adidas já não estava a oferecer a opção de personalização com nome e número na venda das camisolas. A controvérsia eclodiu no fim de semana, quando começaram a circular imagens de uma camisola personalizada com o número 44.
A combinação do número e o tipo de fonte que a Adidas apresentou levaram vários utilizadores a apontarem uma semelhança sinistra com a “doppelte Siegrune”, insígnias rúnicas daSchutzstaffel (SS), uma organização paramilitar nazi que figurou entre as principais executoras do Holocausto.
Até mesmo a personalização com um solitário número 4 foi apontada como semelhante a um dos símbolos usados pela antiga Juventude Hitlerista, a organização juvenil do Partido Nazi.
Historisch gesehen sehr fragwürdig solche Trikots zur HeimEM zu ermöglichen @DFB @adidas pic.twitter.com/KE69jAyIQ9
— Michael König (@08MiKowitsch15) March 29, 2024
Na Alemanha, a exibição pública e a disseminação do símbolo da SS e de outras antigas organizações nazis são proibidas e podem render processos criminais.
Adidas confirma bloqueio
O porta-voz da Adidas, Oliver Brüggen, disse que não era intenção da empresa que tal semelhança ocorresse. “Bloquearemos a personalização das camisolas na nossa loja online”, disse Brüggen.
A Federação Alemã de Futebol (DFB) também suspendeu as entregas de camisolas personalizadas com o número 44 na sua loja online.
A Adidas, por sua vez, culpou a DFB e a sua empresa parceira 11Teamsport pelas fontes dos nomes e números.
Brüggen disse à DPA que “como empresa, opomo-nos ativamente à xenofobia, ao antissemitismo, à violência e ao ódio em qualquer forma“. “Quaisquer tentativas de promover visões divisórias ou marginalizantes não fazem parte dos nossos valores enquanto marca”, acrescentou.
DFB está a desenvolver fonte alternativa
Entretanto, a DFB disse ao jornal alemão Bild que estava a trabalhar com a 11Teamsport para desenvolver uma nova fonte para o número 4, que deverá exigir uma aprovação da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA).
A porta-voz da DFB, Franziska Wülle, relatou ao jornal como foi o processo de desenvolvimento do design polémico.
Wülle disse que a DFB “concedeu uma licença de ‘nome e numeração’ à 11Teamsport por seis anos. Os nossos colegas da 11Teamsport desenvolveram a sua própria tipografia para a nova camisola e coordenaram-na com a DFB”.
Wülle ainda afirmou que as partes envolvidas no processo de design do número 4 não viram nenhum simbolismo nazi na época.
Nenhum jogador da Alemanha usou a camisola de número 44. As camisolas da equipa para o Euro 2024 são numeradas de 1 a 23. Os jogadores não usaram as camisolas de números 4 e 14.
A polémica com a “camisola da SS” ocorre pouco menos de duas semanas depois de a seleção nacional de futebol da Alemanha anunciar que deixará de ser patrocinada pela empresa alemã Adidas, pondo fim a uma parceria de mais de sete décadas, e passará a usar uniformes, chuteiras e outros itens desportivos fornecidos pela americana Nike.
O acordo de patrocínio com a Nike terá início em 2027 e estender-se-á até pelo menos 2034, disse a DFB num comunicado. Na ocasião, o anúncio da troca de patrocinador da seleção nacional e a escolha de uma empresa americana gerou críticas de membros do governo da Alemanha.