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Acordo de paz “histórico” entre EUA e talibãs. Tropas norte-americanas deixam Afeganistão

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Stringer / EPA

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e o primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, na assinatura do acordo de paz entre os EUA e os Talibãs, em Doha

Os Estados Unidos (EUA) celebraram um acordo de paz com uma delegação de talibãs do Afeganistão, que, segundo o chefe da diplomacia norte-americana Mike Pompeo, fez de sábado um “dia histórico”.

De acordo com o Expresso, o acordo foi anunciado após um encontro em Doha, na capital do Qatar. O mesmo, que levará à retirada de todas as tropas norte-americanas e da NATO do Afeganistão, coloca fim a um conflito que dura há quase 20 anos.

O período estimado para a retirada total das tropas é de 14 meses, durante o qual os EUA não farão uso da força nem interferirão na administração interna do Afeganistão, enquanto  treinam, aconselham e equipam as forças de segurança afegãs.

A Al Jazeera informou que, no sábado, os talibãs ordenaram aos operacionais para interromper o conflito. Um representante talibã em Doha, Mohammed Naeem, indicou que “com este acordo vem o fim da guerra no Afeganistão”. O governo afegão vai negociar com as Nações Unidas a retirada os membros talibãs da lista de sanções até 29 de maio.

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, garantiu que “todas as pessoas do Afeganistão estão ansiosas por um estado de paz permanente”. “Hoje [sábado] pode ser o momento de ultrapassar o passado”, afirmou, pedindo um momento de silêncio em homenagem aos “heróis mortos em ambos os lados” do conflito.

Cerca de 14 mil tropas norte-americanas e 17 mil de 39 países da NATO estão atualmente no Afeganistão. “Os EUA vão reduzir o número de forças militares no Afeganistão para 8.600 e implementar outros compromissos do acordo EUA-Talibã nos 135 dias após o anúncio desta declaração conjunta”, lê-se num comunicado divulgado sábado.

Mas o secretário da Defesa norte-americano, Mark Esper, afirmou que os EUA “não hesitarão em anular o acordo” se este for desrespeitado. “Se os talibãs não respeitaram os seus compromissos, vão perder a oportunidade de se sentar com os outros afegãos e deliberarem sobre o futuro do seu país”, disse o chefe do Pentágono.

ZAP //

2 Comments

  1. Extremamente difícil avaliar se valeu a pena todo o custo incorrido pelos EUA nesses 20 anos. Pelo lado otimista, conseguiram evitar uma catástrofe maior, com os Talibãs impondo a sharia absoluta e continuando a aumentar o uso do Afganistão como base de terrorismo internacional. Não se conseguiu transformar o Afegnistão num país minimamente democrático e confiável (the rule of law) mas não se poderia mesmo sonhar com isso. Então, conseguiu-se evitar o pior. Conseguiu-se mostrar (espero) que há um alto custo a pagar quando se ultrapassam limites na agressão aos EUA. O Estado Islâmico também descobriu que limites ultrapassados são severamente punidos, mesmo que demore e custe caro ao mundo.
    Pelo lado pessimista, quanta esperança pode haver de que os Talibãs vão fazer um jogo minimamente respeitoso para com os que divergem das suas ideias radicais?
    Alta probabilidade de que daqui a 5, 10 anos, ultrapassarão de novo algum limite e haverá novamente um enorme custo humano, político e econômico para podá-los. E, no caminho, a população do Afeganistão continuará no seu calvário.

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