Abrandamento económico pode dificultar consolidação orçamental em Portugal

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António Cotrim / Lusa

A agência de notação financeira Fitch reconhece a “trajetória firme de descida” da dívida pública portuguesa, mas adverte que o abrandamento da economia e as pressões sobre o investimento poderão dificultar a consolidação orçamental nos próximos anos.

“O abrandamento do crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e as pressões no investimento de capital poderão tornar a consolidação orçamental mais desafiante nos próximos anos”, lê-se numa nota de análise divulgada esta segunda-feira pela Fitch sobre a evolução das dívidas soberanas das economias da Europa ocidental.

Segundo a agência de notação – que em junho reafirmou o rating de Portugal em BBB, dois níveis acima de lixo, e manteve uma perspetiva “estável” para a evolução da qualidade da dívida – a “política orçamental restritiva” é para manter em Portugal, cuja dívida soberana se mantém numa “firme trajetória descendente”.

“A forte recuperação cíclica e as políticas orçamentais restritivas conduziram a uma significativa melhoria da situação orçamental“, considera a Fitch, destacando “o compromisso do Governo com uma gestão orçamental prudente” nos últimos anos.

Apesar da descida do rácio de crédito malparado para os 13% no primeiro trimestre de 2018, face aos 16,3% do período homólogo, e à melhoria do rácio de cobertura para 52,2% contra os 45,3% do final de 2016, a agência adverte que a dívida do setor privado “continua alta” e “condiciona o potencial de crescimento” da economia.

“O fluxo líquido de empréstimos a particulares foi positivo em 2017 pela primeira vez desde 2011, impulsionado pelo crédito ao consumo e pelo crédito imobiliário. O endividamento das famílias e das empresas continua acima dos níveis médios da zona euro“, aponta a agência Fitch.

Em relação aos empréstimos concedidos, nota para o valor mais alto atingido nos últimos 14 anos, mesmo depois de alertas do Banco de Portugal.

De acordo com a agência, “o apetite dos investidores por ativos de alto risco está a aumentar”, mas a Fitch “acredita que os bancos vão ter de registar perdas de imparidade adicionais para ativos problemáticos”.

Numa análise que incluiu ainda considerações sobre as economias italiana, espanhola, grega, cipriota, britânica, francesa, austríaca e finlandesa, a Fitch aponta como principais “riscos” para as economias europeias “a perspetiva de taxas de juro mais altas e de abrandamento económico, que colocarão desafios à dinâmica da dívida nas economias mais endividadas”.

A agência avisa ainda que “a composição do ajustamento fiscal poderá mudar, com os juros e gastos de capital a aumentarem”, e prevê que “a partir de 2018 esforços fiscais adicionais venham a ser necessários em países altamente endividados“.

Finalmente, a Fitch nota que “a crescente incerteza política, face às eleições para o Parlamento Europeu, poderá comprometer a dinâmica de crescimento”.

// Lusa

1 Comment

  1. O Costa e o PS querem lá saber disso! É tudo à grande e à palerma! Depois vem outro tapar o buraco. Não percebem que a atual conjuntura é mesmo isso, uma conjuntura. No entanto, alteram elementos estruturais, isto é, não conjunturais. Não é preciso ser-se nenhum iluminado para perceber que quando se for a conjuntura o que fica? Os elementos estruturais, isto é, mais despesa para muito menos receita. E aí vem novamente o FMI. Sabe… Costa e gangue do PS… em Portugal começamos a estar um pouco fartos disto!

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