As abelhas tomam decisões melhores e mais rapidamente do que nós

As abelhas são muito eficazes e rápidas na escolha de quais flores têm néctar e devem ser polinizadas. Os seus cérebros podem vir a inspirar algoritmos de IA.

Um novo estudo publicado na eLife revelou as notáveis capacidades de tomada de decisão das abelhas, um fenómeno que pode ter implicações profundas para os campos da robótica e inteligência artificial (IA).

A pesquisa foca-se na eficiência do cérebro da abelha, que evoluiu para fazer julgamentos rápidos enquanto mitiga riscos.

As abelhas, com cérebros menores do que sementes de sésamo, superam consistentemente as nossas próprias capacidades de tomada de decisão, determinando quais flores contêm néctar enquanto evitam potenciais perigos, como aranhas predadoras. A sua rede neural evoluída permite-lhes avaliar rapidamente esforço, recompensa e risco, explica o SciTech Daily.

“Um robô programado para fazer o trabalho de uma abelha precisaria do apoio de um supercomputador”, explica Andre Barron, professor da Universidade Macquarie. Barron aponta as atuais limitações dos drones que dependem fortemente da computação remota e contrasta-os com os rovers da NASA em Marte que só cobriram 75 quilómetros em vários anos de exploração.

Durante o estudo, 20 abelhas foram treinadas para reconhecer “discos de flores” de cores diferentes. As flores codificadas por cores tinham conteúdos variados, variando de xarope de açúcar a quinina, um sabor amargo para abelhas.

Ao rastrear os seus movimentos e decisões num jardim simulado, os investigadores descobriram que as abelhas levavam, em média, 0,6 segundos para decidir sobre uma flor se estivessem confiantes no seu conteúdo em néctar. Se incertas, o seu processo de tomada de decisão demorava mais, com uma média de 1,4 segundos.

Com base nestas observações, a equipa de pesquisa desenvolveu um modelo informático que imita a tomada de decisão das abelhas. Curiosamente, a estrutura do modelo tinha uma semelhança impressionante com a disposição do cérebro de uma abelha.

“Milhões de anos de evolução levaram a cérebros incrivelmente eficientes com requisitos de energia muito baixos“, explica James Marshall, co-fundador da Opteran, uma empresa especializada na replicação de algoritmos cerebrais de insetos para maquinaria. Marshall antecipa que o futuro da IA será profundamente inspirado nos cérebros das abelhas.

Em conclusão, este estudo oferece um vislumbre de como a natureza, através de milhões de anos de refinamento, desenvolveu soluções cognitivas que a tecnologia moderna ainda está a tentar alcançar.

ZAP //

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