Na Argentina, as abelhas têm construído ninhos para as crias com materiais estranhos. Pela primeira vez, foi encontrado um ninho feito de lixo plástico.
Um monte de plástico em forma de embalagens chega às quintas e, muitas vezes, entra na paisagem. O mundo está a mudar e a vida selvagem está a ter de se adaptar.
Investigadores do Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola da Argentina descobriram os ninhos de plástico como parte das suas investigações sobre polinizadores de chicória. A equipa montou 63 “armadilhas” em volta dos campos, com longos tubos ocos, semelhantes aos buracos de favo de mel onde as larvas de abelhas crescem.
As abelhas podem revestir as cavidades com materiais, como lama, folhas, pedras, pétalas e resina. O objetivo é criar um ninho aconchegante na cavidade, separados em células ao longo do comprimento, cada qual contendo uma larva de abelha em crescimento.
Durante a primavera e o verão de 2017 e 2018, a equipa verificou mensalmente os ninhos para procurar sinais de atividade das abelhas. Só encontraram três ninhos que as abelhas usavam. Dois foram construídos com lama e pétalas e cinco abelhas adultas saudáveis emergiram delas.
O terceiro tinha três células inteiramente feitas de plástico, cuidadosamente cortadas em formas longas e ovais pela abelha e dispostas de maneira sobreposta. As primeiras duas células foram construídas de plástico fino, azul claro, semelhante a um saco plástico. A terceira célula foi feita de plástico branco mais espesso.
“Entre as três células, uma continha uma larva morta; a outra, o adulto parecia ter emergido do ninho; e a terceira célula não estava terminada”, escreveram os cientistas no estudo publicado na revista Apidologie. Assim, das duas células ocupadas, uma larva morreu e a outra cresceu até a idade adulta – indicando que o plástico pode não ser a melhor escolha de material de construção, mas também pode não ser o pior.
A equipa não conseguiu identificar positivamente a abelha que tinha construído o ninho, mas acredita que pode ter sido uma abelha de alfafa (Megachile rotundata). Esta é uma espécie europeia introduzida que a equipe já tinha visto no local do estudo.
É uma abelha solitária que, fiel ao seu nome, corta folhas para forrar os seus ninhos, semelhante à maneira como os fragmentos de plástico foram aparados. Na América do Norte, cientistas documentaram essa abelha em particular a usar plástico para construir células de crias individuais dentro de um ninho maior.
Isto pode significar que as abelhas têm uma flexibilidade adaptativa que lhes permitirá acompanhar as rápidas mudanças ambientais. Ou pode significar que os herbicidas usados nos campos estão a reduzir o número de plantas que as abelhas preferem usar nos seus ninhos. A abelha, neste caso, pode também esse material por outro motivo.
O mais incrível neste mundo é observar que até as mais pequeninas vidas vem conseguindo continuar no seu propósito mesmo com todo o dejeto que o lixo humano vem fazendo com o meio ambiente Brasil e Venezuela estão no ranki da degradação.