O Nigersaurus, um enigmático dinossauro saurópode que percorreu a Terra há cerca de 115 a 105 milhões de anos, fascina os cientistas e entusiastas de dinossauros desde a sua identificação oficial, em 1999, pelo paleontólogo americano Paul Sereno.
É o dinossauro mais bizarro de sempre. Originário da região de Gadoufaoua, no Níger, o Nigersaurus apresenta características únicas que lhe valeram o apelido de “Vaca do Mesozóico”.
Um dos aspetos mais impressionantes deste saurópode, nota o Interesting Engineering, é a sua estrutura dentária.
A criatura tinha um conjunto extraordinário de dentes — cerca de 500 no total — equipados na sua ampla e plana focinheira, que se assemelha a pás gigantes. Estes dentes estavam organizados em 60 fileiras nas mandíbulas superiores e 68 nas inferiores.
Tal como os tubarões, o dinossauro substituía constantemente os seus dentes desgastados ou perdidos, tornando-se um polifiodonte. Segundo um estudo publicado na PLOS em 2013, o Nigersaurus trocava de dentes a cada 14 dias.
Nos últimos anos, diversos estudos analisaram a anatomia da criatura, revelando que provavelmente pastava perto do solo, à semelhança das vacas. Análises biomecânicas sugeriram que a cabeça e o focinho do dinossauro estavam orientadas 67° para baixo, otimizadas para o pasto ao nível do solo.
Com uma morfologia peculiar, o Nigersaurus tinha uma aparência mais próxima da de um bovino moderno do que da de um saurópode típico — o que lhe valeu a alcunha de “Vaca do Mesozóico”.
Com um peso estimado entre 2 e 4 toneladas (o peso aproximado de um elefante contemporâneo) e cerca de 9,1 metros de comprimento, o Nigersaurus tinha uma estrutura óssea delicada, incluindo um crânio com ossos com menos de 2 milímetros de espessura.
Apesar de ter sido descoberta na década de 1950 por paleontólogos franceses, devido à fragilidade dos seus restos esqueléticos a espécie só foi oficialmente reconhecida em 1999, depois de a equipa do paleontólogo norte-americano americano Paul Sereno ter conseguido reconstruir 80% do seu esqueleto.
O dinossauro foi designado Nigersaurus taqueti em referência ao Níger, país onde os primeiros fósseis foram encontrados, e em honra do paleontólogo francês Philippe Taquet.
O Nigersaurus vivia no que é agora parte do deserto do Saara, num ambiente perigoso onde coexistia com grandes terópodes como os temíveis Kryptops, Suchomimus e Eocarcharia, bem como criaturas semelhantes a crocodilos, como o Sarcosuchus.
Curiosamente, o dinossauro tinha um sentido do olfato pouco desenvolvido, mas possivelmente desfrutava de um campo de visão quase de 360 graus, uma característica crucial para detetar predadores.
O Nigersaurus continua a ser um enigma, particularmente devido à sua estrutura dentária única e à postura debatida. As suas características fascinantes, desde a sua bateria de dentes à sua delicada estrutura óssea, tornam-no um tema invulgar, mas cativante, no mundo da paleontologia.