Imagens da Serra da Estrela vestida de branco e fortes tempestades em várias regiões do país marcaram a tarde deste sábado. Sete distritos estão sob aviso laranja devido à previsão de chuva forte, granizo e trovoada, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Uma forte tempestade atingiu na tarde deste sábado várias regiões de Portugal, com chuva forte e o granizo a marcar de forma abrupta a transição entre o verão e o outono.
Imagens partilhadas nas redes sociais mostram os efeitos do temporal em várias regiões do país, com queda de granizo, fortes ventos, ruas inundadas de água enlameada e quedas de árvores.
A Serra da Estrela, ponto mais alto do continente português, surpreendeu os residentes ao aparecer coberta de granizo.
“A Torre pintou-se de branco devido a queda de granizo!!!”, lê-se numa publicação do Meteoestrela no Facebook. “Faz lembrar um final de tarde de inverno“.
O mau tempo deste sábado não se limitou à Serra, e não deu tréguas a regiões como Mirandela e Bragança, afetadas por chuvas fortes e até mesmo um tornado. Segundo o Porto Canal, o mau tempo provocou inundações em Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Valpaços.
Em Valpaços, a queda de granizo deixou um verdadeiro “manto branco” em algumas estradas e a chuva forte deixou motociclistas sem poder circular, devido ao verdadeiro “rio” que se formou, relata o Porto Canal. Em Macedo de Cavaleiros, os acessos a duas aldeias estiveram condicionadas devido à acumulação de gelo.
Mirandela
📧 Noémia Lemos pic.twitter.com/SJlIB55sF5— Márcio Santos – Meteorologia e Ambiente (@MeteoTrasMontPT) September 2, 2023
O agravamento do estado do tempo trouxe complicações no distrito de Évora, que registou várias ocorrências por precipitação intensa e quedas de árvores. Em Nossa Senhora de Machede, uma árvore caiu sobre um carro.
Em declarações à CNN, Bruno Café, meteorologista do IPM, explica que o fenómeno não é considerado anormal para esta altura do ano, apesar de ser inesperado para a população. “O outono meteorológico começou dia 1 de setembro”.
O especialista atribui o evento a uma depressão atmosférica atualmente localizada sobre Portugal Continental e considera que as condições atmosféricas atuais são típicas deste tipo de situações, incluindo aguaceiros pontualmente fortes, granizo, ventos fortes e trovoadas.
Sete distritos em aviso laranja
Sete distritos de Portugal continental estão sob aviso laranja, o segundo mais grave de uma escala de três, devido à previsão de chuva forte, granizo e trovoada, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
O aviso laranja para Santarém, Setúbal, Lisboa, Leiria, Castelo Branco, Coimbra e Portalegre vigora entre as 9h e as 21h deste domingo devido à previsão de aguaceiros, por vezes fortes, e ocasionalmente de granizo, acompanhados de rajadas fortes, além de trovoada, frequente e dispersa.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu ainda aviso amarelo para 11 outros distritos portugueses igualmente devido à previsão de aguaceiros fortes e trovoada.
Bragança, Viseu, Évora, Porto, Guarda, Faro, Vila Real, Viana do Castelo, Beja, Aveiro e Braga vão estar sob aviso amarelo entre as 9h e as 21h na sua grande maioria, terminando pelas 18h nos distritos de Beja, Faro e Évora.
O aviso laranja indica situação meteorológica de risco moderado a elevado e o amarelo é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.
A Protecção Civil apelou no sábado à população para que tome medidas preventivas face à mudança do estado do tempo, do interior para o litoral, com previsão de precipitação, por vezes forte, acompanhada de granizo, trovoada e rajadas.
Em comunicado, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANPC) recordou que os episódios típicos das estações de transição, com as primeiras chuvas, são propícios à “ocorrência de inundações urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais por obstrução dos sistemas de escoamento”.
Além disso, é possível a “ocorrência de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras”, além de deslizamentos e derrocadas “motivados pela infiltração da água, fenómeno que pode ser potenciado pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais, ou por artificialização do solo”.
A Protecção Civil recordou que estes possíveis efeitos podem ser minimizados, sobretudo através da adopção de comportamentos adequados, pelo que recomenda, em particular nas zonas historicamente mais vulneráveis, a adopção das principais medidas preventivas.
Também deve evitar-se a circulação e permanência junto da orla costeira e zonas ribeirinhas “historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros”.
A autoridade apelou também para que não sejam praticadas actividades relacionadas com o mar, nomeadamente pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar, evitando ainda o estacionamento de veículos muito próximo da orla marítima.
A Protecção Civil apelou ainda à adopção de uma condução defensiva, com redução de velocidade.
ZAP // Lusa