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A terrível morte dos macacos da Neuralink (que está a recrutar cobaias humanas)

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Wired Photostream / Flickr

Elon Musk, fundador e CEO da Tesla e SpaceX

“Diarreia sangrenta, paralisia parcial e edema cerebral”. Documento comprova a horrível morte dos macacos vítimas do implante cerebral da empresa de Elon Musk, cujo próximo passo é testá-lo em humanos.

Um novo e alarmante relatório divulgado pela Wired esta quarta-feira contradiz por completo as afirmações defensivas que Elon Musk teceu no início do mês, na sua rede social X, quando disse que “nenhum macaco morreu como resultado de um implante Neuralink”.

Os macacos foram eutanasiados depois de sofrerem diversas complicações, entre as quais “diarreia sangrenta, paralisia parcial e edema cerebral”, lê-se no documento público obtido pelo Comité de Clínicos para a Medicina Responsável (PCRM), organização sem fins lucrativos que se manifesta contra o uso de animais em testes clínicos.

Um dos macacos, segundo a Wired, teve de ser eutanasiado “depois de o seu implante craniano ficar solto”. Outro processo, que remete a 2019, fala de uma fêmea conhecida como “Animal 15”, que “começou a bater com a cabeça no chão sem motivo aparente” dias depois de receber o implante. A sua condição só piorou.

Depois de alegadamente pôr macacos a jogar videojogos com a mente — como se pode ver no vídeo abaixo — o magnata quer fazê-lo com pessoas, tendo confirmado oficialmente que está à procura de voluntários para a próxima fase de testes, numa experiência de seis anos direcionada a tetraplégicos para lhes conseguir dar controlo sobre aparelhos, segundo comunicado oficial.

Os documentos do Centro de Investigação Nacional de Primatas (CNPRC), onde os testes decorreram, foram obtidos após a PCRM processar a Universidade da Califórnia.

Musk nega que os macacos tenham sido mortos por causa do Neuralink e chegou a dizer que a empresa escolheu “macacos em fase terminal” para realizar os testes, minimizando os riscos apresentados a macacos saudáveis. No entanto, há quem negue totalmente essas afirmações dentro da empresa.

Um dos empregados da empresa confessa à Wired que era exigido até um ano de treino comportamental aos macacos do programa, algo que exclui os que estão a bater às portas da morte.

Elon Musk enfrenta agora acusações de fraude de investimento, devido aos 280 milhões de dólares (mais de 262 milhões de euros) que angariou de investidores para criar o interface de computador cerebral.

A Neuralink já enfrenta uma queixa da PCRM por violações do Ato de Bem-Estar dos Animais e uma investigação do Departamento de Transporte dos EUA por alegadamente transportar ilegalmente aparelhos contaminados removidos dos cérebros dos macacos.

De facto, a ética que envolve tecnologia como o Neuralink é um território desconhecido. Como tal, muitos estão preocupados com a forma como estes produtos, destinados a ajudar as pessoas com deficiências, podem, em última análise, ser explorados com fins lucrativos.

“Se o objetivo final é utilizar os dados cerebrais adquiridos para outros dispositivos, ou utilizar estes dispositivos para outras coisas — digamos, para conduzir carros, para conduzir Teslas — então pode haver um mercado muito, muito maior“, nota L. Syd Johnson, professor associado no Centro de Bioética e Humanidades da Universidade Médica Upstate SUNY.

“Mas então todos esses temas de investigação humana — pessoas com necessidades genuínas — estão a ser explorados e utilizados na investigação de risco para benefício comercial de outra pessoa“, acrescenta.

Elon Musk já referiu anteriormente que o Neuralink poderia tornar a linguagem humana obsoleta em 10 anos, e que conseguia curar o autismo.

Tomás Guimarães, ZAP //

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