A Rússia está de regresso à Lua — e a nova corrida ao Espaço aquece

Roscosmos

Ilustração de artista da nave lunar russa Luna-25

A Rússia deu esta sexta-feira um passo significativo na corrida espacial com o lançamento do módulo Luna-25, que marca a primeira missão lunar russa desde 1976.

O programa espacial de antiga potência, que viveu momentos de glória nos tempos da União Soviética — durante os quais chegou a liderar a corrida ao Espaço.

A Rússia lançou colocou em órbita o primeiro satélite, Sputnik, e o primeiro animal, a cadela Laika, e levou o primeiro homem ao Espaço, Yuri Gagarin. Perdeu apenas a corrida à Lua, ultrapassada pelo pequeno passo de Neil Armstrong, em 1969.

Nas últimas décadas, no entanto, apesar do sucesso dos seus lançadores Soyuz e da participação na Estação Espacial Internacional, o programa espacial russo entrou em estagnação, tendo enfrentado anos desafios significativos — incluindo cortes no financiamento e sucessivos escândalos de corrupção.

Esta sexta-feira, com o lançamento do módulo Luna-25, Moscovo procura relançar o seu programa espacial, marcar posição na corrida e afirmar-se de novo como uma potência no espaço.

Segundo a Agência Espacial Russa, Roscosmos, a missão Luna-25 tem como objetivo principal estudar o Polo Sul lunar, uma região do nosso satélite natural até agora virtualmente inexplorada.

Após o lançamento do módulo, que partiu da base espacial de Vostochni às 8.10h locais (00:10h em Lisboa), serão necessários três a sete dias para determinar o local exato de aterragem na Lua.

A missão terá depois a duração de um ano, com focus na recolha de amostras e análise do solo lunar, além de realizar investigações científicas de longo prazo — e fazer da Rússia o primeiro país da recolher água da Lua.

A missão esteve a ser preparada durante anos, inicialmente em cooperação com a Agência Espacial Europeia, ESA — que cessou a colaboração com a Roscosmos em fevereiro do ano passado, após a invasão da Ucrânia pelas tropas russas.

A atual corrida ao espaço é, no entanto, bastante mais complexa e desafiante do que a que a Rússia disputou no século passado. Além dos desafios que coloca, a disputa tem novos players, com apostas fortes.

Atualmente, uma das presenças mais fortes no espaço é a da China, que tem a sua própria Estação Espacial, Tiangong, e planos ambiciosos de enviar taiconautas à Lua antes de 2030. Em 2019, a potência espacial conseguiu a proeza de se tornar o primeiro país a fazer pousar uma nave no lado oculto da Lua.

Os Estados Unidos, que sofreram um revés com a suspensão do seu icónico programa Space Shuttle, reinventaram a sua estratégia espacial, com programas ambiciosos — protagonizados agora não apenas pela NASA, mas também pela Space X, a aeroespacial privada de Elon Musk.

Entre os planos dos norte-americanos, nada menos do que o regresso do Homem à Lua, com o programa Artemis, e a conquista de Marte — o sonho louco de um visionário que sempre os teve e nos foi habituando a concretizá-los.

Além das potências já estabelecidas, novos atores como a Índia, que acaba de fazer chegar à Lua a sua Chandrayaan-3, têm mostrado interesse na corrida ao espaço.

Devido à sua proximidade e recursos, a Lua tornou-se nos últimos anos o foco dos  esforços das principais agências espaciais — e o objetivo primário dos seus principais programas, numa corrida que está cada vez mais quente.

Esta sexta-feira, a Rússia colocou-se na grelha de partida.

ZAP //

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