A tecnologia e modernização têm benefícios sociais e pessoais aparentes. No entanto, a realidade é que o ser humano não está a evoluir suficientemente depressa para acompanhar as mudanças da sua própria cultura.
A ciência está a mostrar que muitos dos nossos problemas contemporâneos – como é exemplo o aumento dos problemas de saúde mental – resultam do rápido avanço das tecnologia e da modernização.
A teoria do “desajustamento evolutivo” – como escreve a LiveScience – oferece uma explicação para a má adaptação do ser humano às condições modernas.
O desajustamento evolutivo ocorre quando uma adaptação, física ou psicológica, se desalinha com o ambiente atual.
O “gosto por doces”, por exemplo, desenvolveu-se para motivar os nossos ancestrais a procurar alimentos ricos em calorias, quando havia escassez nutricional. Hoje, esse gosto leva ao consumo excessivo de alimentos processados, resultando em problemas como obesidade e diabetes.
Outro exemplo: a evolução moldou os seres humanos para viverem em tribos pequenas e coesas, maximizando a nossa necessidade de pertença e segurança. No entanto, hoje em dia, em grandes cidades modernas, muitas pessoas sentem-se isoladas e sem relações íntimas, apesar de estarem rodeadas por milhares de desconhecidos.
E há consequências. Grande parte dos humanos que vive em cidades densamente povoadas enfrentam níveis elevados de stress e menores taxas de natalidade.
Redes sociais são um problema
As redes sociais apresentam uma realidade distorcida onde, muitas vezes, a quantificação do valor através de gostos e seguidores aumenta a obsessão com o estatuto social.
O aumento do custo de vida também está a forçar as gerações mais jovens a repensar os seus objetivos de vida. Relatórios recentes indicam que muitos jovens estão a recorrer a investimentos arriscados (como, por exemplo, criptomoedas) para tentar alcançar estabilidade financeira.
Para enfrentar estes desafios, a perspetiva do desajustamento evolutivo sugere ajustar o ambiente moderno às nossas necessidades evolutivas.
E como? De acordo com a LiveScience, promover o acesso à natureza, reduzir o consumismo e manter o atividades gratificantes e de prazer pode melhorar o nosso bem-estar.
Ideias como o “minimalismo” e a “atenção plena” também podem resultar para evitar as armadilhas da modernidade.
A mesma revista escreve que apreciar a base evolutiva dos nossos problemas pode ajudar a resolvê-los “pela raiz”.