A NASA trouxe uma “cápsula do tempo” do Espaço mas… não consegue abrir a tampa

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NASA Science

“Cápsula do tempo” contém amostras do asteroide Bennu, obtidas a 24 de setembro pela NASA

Moléculas do asteroide Bennu podem responder a questões que intrigam a humanidade há séculos, como a origem da vida e do próprio sistema solar. Mas há um problema — ninguém consegue abrir a tampa desta “cápsula do tempo”.

“Ao espreitarmos os segredos antigos preservados no pó e nas pequenas rochas do asteroide Bennu, estamos a abrir uma cápsula do tempo que nos oferece informações profundas sobre as origens do nosso sistema solar.”

São palavras bonitas, vindas de Dante Lauretta em comunicado publicado em outubro pela NASA, após a missão OSIRIS-REx da NASA trazer, com sucesso, amostras do asteroide com 4,5 mil milhões de anos, revelando a presença de água e carbono — ingredientes básicos da vida que seriam apenas “a ponta do icebergue cósmico.”

A cápsula aterrou a 24 de setembro no deserto de Utah, nos EUA, com as amostras pretendidas, pondo fim a uma viagem de sete anos investidos na missão para recuperar moléculas que remontam à formação do sistema solar e que podem responder a questões que intrigam a humanidade há séculos, como a origem da vida e do próprio sistema solar.

Mas há um problema — ninguém consegue abrir a tampa.

Trancada que nem um frasco de compota (mas não há só más notícias)

A abertura da curiosa “cápsula do tempo” — da qual se espera que contenha cerca de 250 gramas do asteroide Bennu — era prevista para os dois dias posteriores à chegada, mas parece que o Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism (TAGSAM) está muito bem selado, com 35 fixadores.

Encarado como a cabeça do braço que se esticou para agarrar a amostra, em 2020, o TASGAM  foi selado num recipiente que a nave espacial OSIRIS-REx atirou para a Terra enquanto partia para o seu próximo alvo de observação.

Para estudar a amostra, os cientistas têm de a ter no seu estado mais puro, explica o Science Alert. Assim, todos os procedimentos de extração devem ocorrer numa caixa limpa selada sob um fluxo ativo de nitrogénio a que os cientistas possam aceder através de luvas especiais anexadas, de forma a minimizar a contaminação terrestre. No entanto, dois dos vários fixadores da cápsula não podem ser removidos com as ferramentas atualmente aprovadas para uso na câmara de luvas.

A boa notícia é que o recipiente exterior que envolveu o TASGAM foi aberto e uma quantidade de terra de asteroide foi encontrada lá dentro.

Mas calma: a amostra será aberta, mas ainda vai demorar algumas semanas.

“A equipa tem estado a trabalhar para desenvolver e implementar novas abordagens para extrair o material de dentro da cabeça, mantendo a amostra segura e intacta”, garantiu Erin Morton, da NASA.

O asteroide mais perigoso está “em casa”

O asteróide Bennu é o mais perigoso do Sistema Solar. Já não devemos cá estar para o presenciar, mas sempre podemos marcar no calendário: o dia 24 de setembro de 2182 será o dia em que o asteróide Bennu terá maior probabilidade de colidir com a Terra nos próximos 300 anos.

A probabilidade de colisão é de apenas 0.057% – ou de uma em 11 750. A 24 de Setembro de 2182, o Bennu vai ter uma probabilidade de 0.037% de chocar com a Terra, ou seja, uma em cada 2700. Cálculos anteriores apontavam para uma probabilidade de um em 2700 até ao ano 2200.

Quando a NASA enviou uma nave para recolher amostras da superfície do asteroide Bennu, em 2020, causou uma explosão e abriu uma cratera de 8 metros de largura ao aterrar.

Um cientista da NASA observou que “as partículas que compõem o exterior do Bennu são tão soltas, que agem mais como um fluido do que como um sólido”.

“Esperávamos que a superfície fosse bastante rígida”, contou Dante Lauretta, investigador principal do OSIRIS-REx, ao Space.com.

“Vimos uma parede gigante de detritos a voar para longe do local da amostra. Para os operadores de naves espaciais, foi realmente assustador“, acrescentou Lauretta.

A NASA descreve o asteroide como sendo semelhante às piscinas de bolas em que as crianças brincam — coloca-se qualquer tensão nas rochas e pedaços de pó na superfície de Bennu, e elas deslizam facilmente umas para as outras.

Tomás Guimarães, ZAP //

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