Um estudo com estorninhos europeus confirmou o que os cientistas há muito suspeitavam – as aves gastam menos 25% de energia quando voam atrás de um líder.
Num novo estudo, publicado esta segunda-feira na Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores conceberam experiências complexas para saber mais sobre a quantidade de energia poupada pelas aves que seguem outra ave.
Segundo o Phys.org, para medir a forma como a posição de um estorninho num bando afeta o seu consumo de energia, os investigadores precisavam que acontecessem três situações.
Em primeiro lugar, ter um ambiente de voo controlado para acomodar um máximo de três pássaros sem comprometer a sua segurança ou impedir o seu voo natural.
Em segundo lugar, os investigadores precisavam de uma forma de monitorizar os movimentos dos pássaros durante o voo. Para o efeito, equiparam as aves com mochilas em miniatura contendo unidades de medição inercial (IMU) e LEDs de cores diferentes.
As IMUs registaram dados tridimensionais sobre as acelerações lineares e as velocidades angulares das aves, enquanto os LEDs ajudaram a equipa a distinguir as posições de cada ave nas gravações de vídeo dos voos de teste.
Por fim, criaram um meio de medir o consumo de energia dos estorninhos. Para o efeito, os cientistas injetaram nas aves uma dose de bicarbonato de sódio que continha carbono-13, um isótopo estável natural, não radioativo, bastante utilizado em testes metabólicos, porque os processos biológicos absorvem mais átomos de carbono-12, que são mais leves.
Estes três elementos permitiram à equipa ir além dos estudos anteriores sobre o voo das aves, que mediram os aspetos biomecânicos e fisiológicos do consumo de energia, mas não a energia em si.
Os cientistas tiveram de realizar mais ensaios do que o previsto, porque algumas coisas não correram tão bem como esperavam. Certas aves mais teimosas não voavam atrás das outras, ou, pior que isso, simplesmente não voavam.
Os resultados alcançados forneceram dados suficientes para afirmar que uma ave a voar atrás de outra em voo natural gastava, em média, menos 25% de energia. Descobriram também que as aves que eram naturalmente mais eficientes em termos energéticos tendiam a adotar o papel de líder mais rapidamente.
“Gostaríamos também de visualizar diretamente a interação da esteira entre uma ave líder e uma seguidora, utilizando a velocimetria de imagem de partículas digitais, para compreender melhor o mecanismo de dinâmica de fluidos que produz a poupança de energia”, conclui o autor principal do estudo,Tyson Hedrick.